sábado, 13 de junho de 2015

LETRAMENTO DIGITAL


O computador e a internet vieram causar uma explosão na maneira de comunicar-se e de adquirir informação. Esse fenômeno é global, em instantes, através destes meios, podem-se acessar informações de qualquer lugar do planeta. No mesmo momento que ocorre um incidente pode-se ter conhecimento independentemente de onde o indivíduo esteja. Através do computador as pessoas praticam a leitura e a escrita, se comunicam e interagem, tornam-se sujeitos da informação.

Por Letramento Digital compreende-se a capacidade que tem o indivíduo de responder adequadamente às demandas sociais que envolvem a utilização dos recursos tecnológicos e da escrita no meio digital.


O letramento digital é mais que o conhecimento técnico. Ele inclui ainda, segundo Carmo (2003), “habilidades para construir sentido a partir de textos multimodais, isto é, textos que mesclam palavras, elementos pictóricos e sonoros numa mesma superfície. Inclui também a capacidade para localizar, filtrar e avaliar criticamente informações disponibilizadas eletronicamente”. É a capacidade de manusear naturalmente com agilidade as regras da comunicação em ambiente digital.


Para Soares (2002), não existe “o letramento”, mas, “letramentos”, a tela do computador se constitui, neste sentido, como um novo suporte para a leitura e escrita digital. Segundo ela, a tela é considerada como um novo espaço de escrita e traz mudanças significativas nas formas de interação entre escritor e leitor, entre escritor e texto, entre leitor e texto e até mesmo entre o ser humano e o conhecimento.


Para Soares, essas transformações têm desdobramentos sociais, cognitivos e discursivos, “configurando assim, um letramento digital”. Uma pessoa letrada digitalmente necessita de habilidade para construir sentidos a partir de textos que compõem palavras que se conectam a outros textos, por meio de hipertextos e links; elementos pictóricos e sonoros. Ele precisa também ter capacidade para localizar, filtrar e avaliar criticamente informação disponibilizada eletronicamente, e ter familiaridade com as normas que regem a comunicação com outras pessoas através dos sistemas computacionais.

Segundo Barton (1998 apud Xavier, 2007) como existem vários tipos de letramento, o letramento digital seria um tipo e não um novo letramento imposto à sociedade hodierna pelas novas tecnologias. Para ele os tipos de letramento mudam porque são situados na história e acompanham a mudança de cada contexto tecnológico, social, político, econômico ou cultural numa sociedade. O letramento também pode ser transformado pelas instituições sociais que estão em constante relação de luta pelo poder e acabam por influenciar a comunidade a aprender o tipo de letramento que lhe é dado como oficial, portanto deve ser assimilado.

Assim, o que anda ocorrendo atualmente é uma adoção do tipo de letramento alfabético para o digital. Para Xavier, o “alfabético está servindo de apoio para a aprendizagem do letramento digital”. Em plena era da informação a gama de conhecimento que é gerado a cada momento, a aquisição do letramento alfabético, se torna um meio de alcançar a cidadania. Não se esquecendo que para que haja de fato conhecimento é necessário a absorção crítica das informações.


Xavier (2007) diz que “a principal condição para a apropriação do letramento digital é o domínio do letramento alfabético pelo indivíduo”. Isto quer dizer que um indivíduo só pode utilizar plenamente as vantagens da era digital à sua necessidade se tiver aprendido a escrever, a compreender o lido, se tiver dominado o sistema alfabético ao ponto de ter alcançado um grau elevado das convenções ortográficas que “orientam o funcionamento da modalidade escrita de uma língua”. Em síntese, apenas o letrado alfabético tem a qualificação para se apropriar totalmente do letramento digital.


Freitas (2010) entendo o letramento digital como o conjunto de competências necessárias para que um indivíduo entenda e use a informação de maneira crítica e estratégica, em formatos múltiplos, vinda de variadas fontes e apresentada por meio do computador-internet, sendo capaz de atingir seus objetivos, muitas vezes compartilhados social e culturalmente. 

Souza (2007) apresenta diferentes definições de letramento digital, classificando-as em dois tipos: definições restritas e amplas. A autora entende que as definições restritas não consideram o contexto sociocultural, histórico e político que envolve o processo de letramento digital. São definições mais fechadas em um uso meramente instrumental. Entre as definições restritas citadas pela autora seleciono duas que exprimem bem essa ideia. A primeira refere-se ao relatório Digital Transformation, no qual letramento digital é definido como “usar a tecnologia digital, ferramentas de comunicação e/ou redes para acessar, gerenciar, integrar, avaliar e criar informação para funcionar em uma sociedade de conhecimento” (SERIM, 2002 citado por SOUZA, 2007, p. 57). A segunda foi elaborada pela Association of College & Research Libraries e define letramento digital como “uma série de habilidades que requer dos indivíduos reconhecer quando a informação faz-se necessária e ter a habilidade de localizar, avaliar e usar efetivamente a informação necessária” (CESARINI, 2004, s/p citado por SOUZA, 2007, p. 57). 

Antes de apresentar as definições mais amplas, que tomam o letramento digital como prática social culturalmente constituída, Souza (2007) traz um pertinente comentário, feito por Smith (2000), de que cada vez se torna mais difícil e complexo determinar quem é letrado no meio digital. Ser letrado digital inclui, além do conhecimento funcional sobre o uso da tecnologia possibilitada pelo computador, um conhecimento crítico desse uso. 

Assim, tornar-se digitalmente letrado significa aprender um novo tipo de discurso e, por vezes, assemelha-se até a aprender outra língua. As definições de letramento digital mais amplas supõem esses aspectos ao não prescindirem dos sentidos social e cultural. Entre as apresentadas por Souza (2007), seleciono estas: letramento digital se constitui como “uma complexa série de valores, práticas e habilidades situados social e culturalmente envolvidos em operar lingüisticamente dentro de um contexto de ambientes eletrônicos, que incluem leitura, escrita e comunicação (SELFE, 1999, p. 11 citado por SOUZA, 2007, p. 59). 

Nessa definição, letramento digital refere-se aos contextos social e cultural para discurso e comunicação, bem como aos produtos e práticas linguísticos e sociais de comunicação, e os modos pelos quais os ambientes de comunicação têm se tornado partes essenciais de nosso entendimento cultural do que significa ser letrado. Indicando as competências básicas para o processo de letramento digital, Gilster (1997) formula a definição: “habilidade de entender e usar informação em formatos múltiplos de uma vasta gama de fontes quando esta é apresentada via computadores” (GILSTER, 1997, p. 1 citado por SOUZA, 2007, p. 60). Ele enfatiza que as ferramentas disponíveis no meio digital estão relacionadas a aprender a lidar com ideias, e não a memorizar comandos. O autor sugere a proficiência em quatro competências básicas para a aquisição de letramento digital. A mais essencial delas é a avaliação crítica de conteúdo, ou seja, a habilidade de julgar o que encontramos na rede.

A segunda competência é a de ler usando o modelo não-linear ou hipertextual. Além disso, faz-se necessário aprender como associar as informações dessas diferentes fontes, isto é, a constru- ção de conhecimento diante da internet. Finalmente, é importante desenvolver habilidades de buscas para lidar com o que ele denomina “biblioteca virtual” (GILSTER, 1997, p. 155 citado por SOUZA, 2007, p. 60).

Disponível em: https://eduquetec.wordpress.com/2012/07/19/o-que-e-letramento-digital/; http://www.scielo.br/pdf/edur/v26n3/v26n3a17. Acesso em: 13/06/2015.

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