terça-feira, 29 de setembro de 2015

COMO EVITAR O DESPERDÍCIO?

    


Um terço de toda a comida produzida no mundo vai para o lixo. Há perdas no campo, no transporte, no armazenamento e no processo culinário. Por outro lado, 870 milhões de pessoas vivem na insegurança alimentar. Todos os dias, uma de cada oito vai dormir com fome. Reduzir o desperdício pode mudar essa equação, porque o problema da fome não é a falta de alimento. É a falta de gestão pública e privada. Cada um pode fazer sua parte para uma balança mais justa.


Os brasileiros desperdiçam comida. Muita comida. Metade de tudo que é produzido. Estados Unidos, Europa, países ricos em geral, não ficam muito atrás. Nem os mais pobres. Na média mundial, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), um terço dos alimentos se perde. A diferença é que, nos países pobres, o problema acontece no início da cadeia produtiva, por falta de tecnologia e dificuldades no armazenamento e no transporte. Já nos países ricos, a situação se agrava nos supermercados e na casa do consumidor, acostumado a comprar mais do que precisa. "O Brasil sofre nas duas pontas, porque tem tanto aspectos de países ricos quanto de países pobres. Daí a perda ser maior. Ocorre desde a colheita, passando pelo manuseio, transporte, central de abastecimento, indústria, supermercado e consumidor", detalha Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu - Pelo Consumo Consciente.

Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) contabilizam em 10% o desperdício das frutas e hortaliças ainda no campo e indicam que a maior perda está no transporte: 50%. Mas, se o alimento chega machucado, aí é motivo de mais descarte. No Brasil, 58% do lixo é de comida. "O planeta produz o suficiente para alimentar 12 bilhões de pessoas, mas quase 900 milhões vivem em insegurança alimentar - comem num dia e no outro não. Como acabar com isso? Reduzindo o desperdício", defende o presidente do Akatu. "Se metade do que é perdido deixasse de ser, teríamos o dobro de alimento nas gôndolas e o preço cairia. E mais pessoas teriam acesso."

Os números são eloquentes e escandalosos, embora fiquem camuflados por causa de velhos hábitos de consumo. Nacionalmente, fazem parte desse desperdício, por exemplo, um volume de talos e cascas que não são usados (e poderiam ser), folhas e frutas machucadas e sobras de pão, café, arroz e feijão.

Há uma gênese cultural para tanto. "O brasileiro sempre teve mesa farta pelo fato de viver num país tropical, onde tudo dá. E não está acostumado a aproveitar integralmente o alimento. Veja se em Portugal se jogam fora as vísceras do porco? Ou a cabeça do bacalhau?", protesta Carlos Dória, do Centro de Cultura Culinária Câmara Cascudo, em São Paulo. O estudioso da alimentação se lembra dos peixes e caramujos desprezados no Ceagesp simplesmente por falta de mercado - a população não os considera comestíveis. "O chef Alex Atala fez um menu interessante com esse ‘refugo’ e provou que o menosprezo é fruto de muito preconceito na cozinha", diz. Ou seja, dá para avançar mais em busca do equilíbrio dessa balança. O Instituto Akatu oferece até um incentivo econômico. Com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os pesquisadores da ONG fizeram a seguinte conta: uma família média brasileira gasta 478 reais mensais para comprar comida. Se o desperdício de 20% de alimentos deixasse de existir em casa, 90 reais deixariam de ir para o ralo. Guardando esses 90 reais todos os meses, depois de 70 anos (expectativa média de vida) a família teria uma poupança de 1,1 milhão de reais.

"Precisamos planejar melhor o cardápio, só comprar o necessário, não nos deixar levar pelas ofertas, cozinhar integralmente os alimentos. E ter uma nutrição adequada. O sobrepeso é outra forma de desperdício", aponta Mattar. De acordo com o Ministério da Saúde, 50% da população nacional está acima do peso. Nos EUA, 70%.

PEGADA DE CARBONO
"Reduzir em 30% o desperdício significa ainda diminuir em 30% o uso de terra, defertilizantes, de agrotóxicos e de sementes", diz Ricardo Abramovay, professor titular do departamento de economia da Universidade de São Paulo. Em abril, o primeiro estudo da FAO sob a perspectiva ambiental revelou que tanto descarte é uma oportunidade que se perde não apenas do ponto de vista da segurança alimentar de mais pessoas como também para mitigar o impacto ambiental.

O desperdício de alimentos é um assunto muito grave e importante para ser discutido. Com o aumento da população mundial, a produção em massa também cresceu para tentar suprir essa demanda. Mas segundo um relatório, se continuarmos produzindo e vivendo tendo como base o modelo de consumo atual, não haverá alimento e água no futuro para todos e a disputa pelos recursos entre países vai se acirrar cada vez mais.
E por mais contraditório que pareça, segundo o relatório Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2012, cerca de 13 milhões de brasileiros passam fome ou sofrem de desnutrição, enquanto que 30% de toda a produção agrícola é desperdiçada. E segundo pesquisa do Instituto de Engenharia Mecânica do Reino Unido (IMechE), quase metade da comida produzida no mundo é jogada fora e boa parte desse desperdício acontece em casa.
Por esses motivos, pela redução da emissão de poluentes e pela economia de água, aproveite para acompanhar abaixo algumas dicas para você evitar o desperdício em casa:

Quanto às suas atitudes

1. Realize uma parada obrigatória na despensa e na geladeira antes de ir ao mercado fazer compras. Verifique quais produtos você realmente precisa comprar e evite fazer estoques;
2. Na hora de cozinhar, dê preferência aos produtos que estão próximos do vencimento da validade. Anote quais são eles em uma lista e cole na geladeira para não esquecer;
3. Em vez de fazer uma compra por mês, experimente ir ao mercado mais vezes e comprar menos produtos;
4. As promoções costumam ser irresistíveis, no entanto, são as grandes vilãs do consumo consciente porque nos estimulam a comprar um número alto de produtos, que acabam se estragando. Fique atento;
5. Antes de guardar frutas, verduras e legumes na geladeira, higienize-os e e seque-os. Depois de consumir, guarde esses alimentos em embalagens hermeticamente fechadas para evitar a proliferação de bactérias;
6. Planeje suas compras. Faça uma lista com os produtos que realmente estão em falta;
7. Literalmente, aproveite seus alimentos até o talo. É possível reaproveitar partes não convencionais, como as sobras e cascas das frutas, por exemplo;
8. Se uma fruta ou legume apresentar uma aparência feia em algumas partes, corte-as e use o que sobrou, sem a necessidade de jogar tudo fora.

Quanto aos seus alimentos

9. Queijos

Permanecem sem estragar de cinco dias a um mês, se bem conservados na geladeira. Os modelos mais molinhos, como ricota e minas, aguentam no máximo 5 dias, enquanto que os mais duros, como provolone e parmesão, têm maior tempo de conservação. Você deve dispensar o queijo quando ele apresentar pontos esverdeados em sua superfície e sua cor for alterada;

10. Vinhos

Para consumir como bebida, o ideal é tomá-lo em um dia porque, depois de aberto, os vinhos sofrem a oxidação - o oxigênio entra na garrafa e reage com a bebida, alterando seu sabor e aroma. Se você quiser prolongar a vida do produto e não desperdiçar, basta usar o vinho como tempero que ele dura até um mês;

11. Frutas, Verduras e Legumes

Se forem higienizados e secos antes de serem armazenados na geladeira, esses alimentos duram cinco dias. Com exceção das frutas tropicais, como banana e abacate, que, se forem para a geladeira, vão escurecer;

12. Fermento

Se for o químico em pó, dura até seis meses na geladeira, sem prejudicar o crescimento do seu bolo. Já o biológico, que é muito utilizado para fazer pães, não ultrapassa três dias depois de aberto porque contêm leveduras. Quando elas morrem, o fermento para de funcionar;

13. Comida pronta

Após a refeição, guarde as sobras em recipientes fechados com tampa e leve-os para a geladeira. Feito isso, sua comida pronta vai durar três dias, em média;

14. Carnes

Lembre-se que as carnes possuem um alto nível de pegada hídrica (consomem muita água em sua produção), por isso, procure alternativas para repor proteínas. Caso você não venha a preparar a carne logo depois que a comprou, o ideal é congelá-la para que dure mais (cerca de dois dias), ou então embale-a a vácuo;

15. Manteiga

Aguenta três meses sob refrigeração por conter bastante gordura em sua composição. O máximo que pode acontecer é aparecer uma capa amarela escura - basta raspar essa capa para voltar ao uso normal do produto;

16. Enlatados

Duram de quatro a cinco dias e devem ser consumidos logo depois de abertos. No entanto, evite esses tipos de alimento porque, segundo um estudo dos Estados Unidos, comida enlatada faz mal a saúde - quem a consome fica exposto a compostos como bisfenol-A e ftalatos, sem contar a grande quantidade de conservantes;

17. Leite

Se for pasteurizado, deve ser consumido em um dia porque azeda rapidamente, ao contrário do longa vida, que dura de três a quatro dias na geladeira;

18. Ketchup, Maionese e Mostarda

Iguais aos enlatados - possuem muitos conservantes que não fazem bem à saúde. O ideal é o consumo moderado desses produtos. Duram de um mês a um ano.

Dicas para evitar o desperdício em casa

  • Compre por peso: Quando o produto é vendido por peso, você pode comprar exatamente o que precisa.
  • Tente planejar o cardápio: Com o planejamento semanal das refeições, fica mais fácil mapear os alimentos que vai precisar. Na hora de sair às compras, é só levar a lista do cardápio. Dessa forma, você só vai comprar os produtos para fins específicos, em vez de simplesmente pegar as coisas das prateleiras.
  • Não compre por impulso: A variedade de opções em um supermercado costuma chamar atenção e aumentar o desejo de adquirir, especialmente quando falamos em “promoções”. Cuidado! É importante pensar se, de fato, você precisa do produto.
  • Vá às compras com mais frequência: Ir mais vezes ao supermercado pode soar como mais trabalho. Porém, comprar semanalmente permite que os perecíveis sejam adquiridos com mais frequência, diminuindo a possibilidade de perda.
  • Reaproveite as sobras do almoço: Sobrou comida do almoço? Então nada de jogar fora. Aproveite o que restou na janta e evite o desperdício. 
  • Compre a granel: Em vez de comprar alimentos em embalagens padronizadas, experimente comprar somente a quantidade que você precisa. Além de evitar as embalagens descartáveis, você reduz o desperdício ao levar para casa apenas o que vai usar.
  • Cozinhe em quantidade e congele: Separe um dia para preparar várias refeições para todo o mês ou a semana. Depois basta guardar no freezer e reaquecer no dia de consumi-la. Essa prática ajuda a economizar ingredientes e energia.
  • Use a data de validade como critério: Fique atento aos rótulos para saber a procedência, composição e, o mais importante, a data de validade. Assim é possível evitar a compra de produtos que não serão consumidos antes do vencimento e terão como destino o lixo.
  • Aproveite todas as partes dos alimentos: Na hora de preparar as refeições, nada de jogar cascas, sementes e bagaços fora. Todas as partes de frutas, verduras e legumes podem ser aproveitadas e são fontes de vitaminas, minerais e outros nutrientes fundamentais para nossa saúde.

Dicas para evitar o desperdício na produção:

1- É preciso ter controle de doenças de forma adequada, sem o uso de agentes nocivos ao ser humano;
2- Uso da agroecologia (orgânicos) e produção integrada, com utilização racional de  compostos químicos para o controle de pragas e doenças;
3- Melhoria no tratamento pré e pós-produto, como frutas e hortaliças;
4- Adequação do ponto de colheita em relação ao mercado consumidor. Se você tem um mercado próximo, pode deixar o produto mais tempo no campo, mas se o mercado for distante terá de colhê-lo antes de maduro, para que aguente o trajeto;
5- Utilização da embalagem adequada à manutenção da qualidade do produto. Isso deveria ser definido por todos os agentes de comercialização. Produtores, atacadistas e varejistas deveriam trabalhar juntos nesse sentido;
6- Reeducação e treinamento de todo o pessoal envolvido, desde o campo até a pós-colheita, visando à melhoria da manipulação e a movimentação de cargas;
7- Padronização, seleção e classificação dos produtos, que atendam as necessidades do mercado. Muitas vezes o produto precisa ter determinado tamanho, calibre, além de determinada forma e cor.
Algumas dicas de como evitar o desperdício de água em sua casa:
Evite tomar banhos demorados.Cinco minutos de chuveiro são suficientes. Feche a torneira enquanto escova os dentes ou faz a barba.
Não use o vaso sanitário como lixeira ou cinzeiro, porque, além de gastar mais água, os objetos despejados ainda podem causar entupimento. Procure manter a válvula de descarga sempre regulada para evitar o derperdício.

Para lavar o carro, use balde e pano, evitando o uso de mangueira, principalmente durante o período de estiagem.
Na hora de limpar a calçada use vassoura e balde com água. "Varrer" a calçada com a mangueira só traz desperdício.Para regar plantas, use sempre balde ou regador.

Feche a torneira enquanto ensaboa a louça. Uma forma também de economizar é colocar água com detergente até a metade da pia e deixar a louça de molho. Depois de ensaboar, encha a pia com água limpa e enxague de uma vez.
Deixe acumular roupa para lavar de uma só vez. Só ligue a máquina quando ela estiver cheia. No tanque, mantenha a torneira fechada enquanto ensaboa e esfrega a roupa.Aproveite a água que usou para ensaboar as roupas para lavar o quintal.

Verifique os vazamentos. Uma torneira mal fechada pode trazer muito prejuízo. Veja alguns exemplos de quanto uma torneira gasta pingando durante todo um dia:
Gotejanto - 46 litros
Aberta em 2mm - 4.512 litros
Aberta em 6mm - 15.400 litros
Aberta em 12mm - 33.984 litros

Dicas para teste de vazamento:
No vaso sanitário - jogue cinzas no fundo da privada. Se houver movimentação é porque há vazamento.
No hidromêtro - quando a caixa d'água estiver cheia (já não vai haver barulho de caixa enchendo) feche todas as torneiras e desligue os aparelhos que usam água e deixe aberto os registros na parede. Anote o número que aparece no relógio. Espere cerca de uma hora e confira novamente. Se o número mudar é porque há vazamento na casa.
Se você colocar essas pequenas práticas do seu dia-a-dia terá uma boa economia no fim do mês e mais importante do que isso é contribuir para preservação desse líquido essencial para a nossa sobrevivência. Seu papel é muito importante e se todos pudessem exercer essa contribuição o nosso futuro agradece.

Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/como-evitar-desperdicio-seguranca-alimentar-bons-fluidos-752309.shtml; http://www.ecycle.com.br/component/content/article/62-alimentos/1562-conheca-18-dicas-para-evitar-o-desperdicio-de-alimentos.html; http://mulherplus.blogspot.com.br/2013/08/sustentabilidade-como-acabar-com-o.html#.VgrFEvlViko; http://www.sanesul.ms.gov.br/conteudos.aspx?id=11. Acesso em: 29/09/2015.
Imagens disponíveis em: http://g1.globo.com/al/alagoas/fotos/2013/02/desperdicio-de-agua-em-maceio.html; http://www.mundodastribos.com/dicas-para-evitar-o-desperdicio-de-agua.html; http://www.apalavraonline.com.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=2&Itemid=128&id_noticia=%209144; https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/movimento-quer-reduzir-desperdicio-de-alimentos-e-combater-a-fome/; http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=29466. Acesso em: 29/09/2015.

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