HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
QUE ENSINAM
Várias são as designações utilizadas em diferentes partes do mundo para se referirem
aos quadrinhos: nos EUA, chamam-se comics, devido ao caráter humorístico das primeiras
historinhas; na França e na Bélgica, por serem publicados em tiras – bandes – nos jornais e
pelos desenhos, são denominadas bandes-dessinées; na Itália, são denominadas fumetti, em
referência aos balõezinhos ou fumacinhas que circundam a fala das personagens; no Japão,
chamam-nos de mangás; na Espanha, são conhecidos como tebeo – TBO – nome de uma
revista infantil (TBO). Todas essas denominações trazem a história ou as características dos
quadrinhos. No Brasil, são mais conhecidos como gibi (nome de uma revista em quadrinhos
da década de 1930) ou como histórias em quadrinhos (HQs), que remonta à forma narrativa
da história disposta em seqüência de pequenos quadros.
Ao comparar as histórias em quadrinhos com outras mídias, Moraes (2002) acredita
que a poesia concreta é a que mais se aproxima da linguagem dos gibis, que utiliza tanto
palavras para comunicar seus sons e sentidos, quanto suas formas e disposição no espaço da
página. As histórias em quadrinhos pressupõem o desenvolvimento de uma narrativa por meio
da conjugação entre imagens seqüenciais e elementos verbais. Dessa forma, as HQs também
são freqüentemente comparadas ao cinema, principalmente ao desenho animado, pois lançam
mão da combinação imagem-texto.
Além disso, essas linguagens, a do cinema e a dos
quadrinhos, se desenvolveram simultaneamente sob idênticos impactos sociais e tecnológicos
(cf. CIRNE, 1970).
Os principais elementos da linguagem em quadrinhos, com base em Guimarães
(2002), podem ser resumidos em: 1) ―estilização da imagem‖: trata-se da estratégia mais
comum e consiste na utilização de traço bem-definido para dar contorno aos objetos e figuras
representados; 2) ―representação do movimento‖ por meio de imagens estáticas: para tanto
são utilizados alguns recursos, como deformação de folhas para sugerir vento, dobras de
roupas e inclinação de um corpo indicando deslocamento; 3) ―encadeamento de imagens‖:
separam-se as imagens por ―calhas‖ e estas são dispostas de maneira a estabelecer um sentido
de evolução no tempo, entre as cenas, seguindo a convenção da leitura de textos ocidental –
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da esquerda para a direita e de cima para baixo (com exceção dos mangás, HQs japonesas); 4)
―representação dos sons‖: isso é feito por meio de sinais gráficos convencionados, tais como
onomatopéias (que traduzem diferentes barulhos, ruídos).
O autor também destaca como
elementos importantes da linguagem em quadrinhos: alguns desenhos (como uma lâmpada,
que indica uma idéia, ou estrelas em volta da cabeça de uma personagem, que indica tontura
ou dor); legendas (que trazem os comentários do narrador); balões (que servem de contorno
aos diálogos e que, de acordo com seu traçado, indicam o tom, o volume da fala, assim como
idéias, pensamentos, emoções). Talvez, devido a essa multiplicidade de recursos de
expressão, os quadrinhos sejam tão utilizados nos mais diversos espaços, em especial, na
escola.
Além disso, para Vergueiro (2004), uma série de motivos explica a utilização dos
quadrinhos em sala de aula, tais como: ―a atração dos estudantes pelos quadrinhos‖, que
fazem parte do cotidiano de crianças e jovens; ―a conjunção de palavras e imagens‖, códigos
diferentes que favorecem a eficiência da aprendizagem; ―o alto nível de informação dos
quadrinhos‖, cujas publicações versam sobre os mais diferentes temas e são aplicáveis em
qualquer área e em qualquer nível escolar; ―o enriquecimento da comunicação pelas histórias
em quadrinhos‖, que permite ao/à estudante incorporar a linguagem gráfica às linguagens oral
e escrita, que normalmente utiliza; o ―caráter elíptico da linguagem quadrinhística‖, que
propicia o desenvolvimento do pensamento lógico, pois os/as leitores/as têm de preencher em
sua mente os momentos que não foram expressos graficamente e outros (VERGUEIRO, 2004,
p. 2).
Assim como em outros países, no Brasil, os órgãos oficiais de educação já
reconheceram a importância da inserção dos quadrinhos no currículo escolar, desenvolvendo
orientações específicas para isso. Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (RCNEI) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) salientam a importância das
HQs, ao sugerirem que sejam trabalhadas outras mídias na sala de aula, como cinema,
televisão, jornal e as histórias em quadrinhos (VERGUEIRO, 20053
). Além disso, desde
meados da década de 1990, as HQs começaram a aparecer em vestibulares (VERGUEIRO,
2005
4
).
O autor aponta como exemplo as provas de ingresso à Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP), que utilizam HQs todos os anos.
3 Em entrevista dada a Margarete Azevedo, para a Revista Kalunga de janeiro de 2005 (cf. AZEVEDO, 2005).
Disponível em: Acesso em 09 jul. 2006.
4 Em entrevista dada a Margarete Azevedo, para a Revista Kalunga de janeiro de 2005 (cf. AZEVEDO, 2005).
Disponível em: Acesso em 09 jul. 2006.
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No Brasil, os quadrinhos começaram a ser produzidos na segunda metade do século
XIX (CIRNE, 1990). Tiveram como um de seus principais expoentes Angelo Agostini, um
italiano radicado no país.
Os aparatos midiáticos ensinam seus/suas interlocutores/as a
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interpretar o mundo e a categorizá-lo, normatizam tudo, dizendo o que é certo e o que é
errado, o que é normal ou anormal, o que é verdadeiro e o que é falso entre outros (cf.
PARAÍSO, 2001; 2002). O discurso, dessa maneira, permite inúmeras aprendizagens, às quais
as pessoas estão submetidas.
O que é ensinado nos mais diferentes artefatos, longe da sua pretensão de neutralidade,
inscreve-se em um espaço de poder, social e culturalmente produzido, no qual se luta pelo
estabelecimento de normas e regimes de verdade que produzirão sujeitos: ―Certamente nunca
se deixou de admitir que a produção da verdade acarrete efeitos sobre o sujeito, como todos os
tipos de variações possíveis... (FOUCAULT, 1981, p. 153).
Mas esses efeitos não são
garantidos, pois as relações de poder são dispersas e fragmentadas, e prevêem resistência:
―jamais somos aprisionados pelo poder: podemos sempre modificar sua dominação em
condições determinadas e segundo uma estratégia precisa‖ (FOUCAULT, 1981, p. 136).
Como têm a característica intrínseca de serem discursivas, as relações de poder sempre se dão
em meio a disputas entre os diferentes discursos divulgados na sociedade, sendo a resistência
uma forma de poder. Sobre essa noção de resistência/poder em Foucault, Veiga-Neto (2003,
p. 151-152, grifos do autor) sintetiza: a ―resistência ao poder não é a antítese do poder, não é o
outro do poder, mas é o outro numa relação de poder – e não de uma relação de poder.
Por meio da apresentação das personagens e da composição dos
enredos, essas HQs, mais do que divertirem e entreterem, divulgam práticas que ensinam
aos/às leitores/as saberes sobre como se vestir, se enfeitar, agir e se comportar se se é uma
aluna ou um aluno, uma menina ou um menino.
HQs QUE ENSINAM:
- Sobre Racismo;
- Sobre o Meio Ambiente;
- Sobre Política e Economia;
- Sobre Coleta Seletiva;
- Sobre Corpo e Saúde;
- Sobre Tecnologia;
- Sobre Ser Mulher/ Feminismo.
REFERÊNCIA BILIOGRÁFICA:
FREITAS, Daniela Amaral Silva. O discurso da educação escolar nas histórias em quadrinhos do Chico Bento. Dissertação (Mestrado em Educação). Unviersidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Educação. Belo Horizonte: FaE/UFMG, 2008. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/HJPB-7KNJKE/o_discurso_da_educa__o_escolar_nas_hist_rias_em_quadrinhos_do_chico_bento.pdf?sequence=1. Acesso em: 16/11/2015.
Imagens disponíveis em: http://racismoambiental.net.br/2015/08/02/precisamos-falar-sobre-racismo-por-davi-rocha/; http://ecologicologico.blogspot.com.br/2012/02/historias-em-quadrinhos-preservacao-do.html; http://www.revista.vestibular.uerj.br/questao/questao-objetiva.php?seq_questao=559; http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23170; http://espacoalfaletrar.blogspot.com.br/2012/08/historias-em-quadrinhos.html; http://pt.slideshare.net/multiplicadora/quadrinhos-1; https://www.youtube.com/watch?v=J9HRmgk4qiY; http://edukatu.org.br/cats/7/posts/56. Acesso em: 16/11/2015.
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