TÉCNICAS PARA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
A narração oral tem um importante papel na formação de futuros leitores. Ela exerce influência tanto sobre aspectos intelectuais quanto emocionais da criança. Tem a capacidade de estimular a imaginação, a criatividade e a curiosidade dos ouvintes. Não basta que sejam contos, fábulas, lendas, mitos, romances, entre outros gêneros, os textos devem apresentar estrutura sequencial completa. Mas, além de estar munido dos textos, o narrador também precisará conhecer as técnicas de contação de histórias.
Essa é uma arte, um tipo de arte que se concretiza por meio da palavra, da oralidade. Portanto, os contadores de histórias são artistas, atores, intérpretes. Mas, como se forma um contador de histórias? Os contadores populares, por exemplo, utilizam-se da própria intuição e de fórmulas baseadas na própria experiência de vida, que acabam sendo transmitidas naturalmente.
Por outro lado, há aqueles que buscam voluntariamente se tornar contadores de histórias e se desenvolvem por meio do aprendizado. Para isso, aperfeiçoam essa habilidade se dedicando à muita leitura e ao estudo da língua portuguesa. É importante entender por exemplo que a narração oral possui diferenças e também conexões com a representação.
No que diz respeito à essa interface com a representação, um esclarecimento é que a narração e a declamação não podem ser confundidas. Ambas recebem elementos da poesia, entretanto a contação de histórias é caracterizada essencialmente pela prosa. Outro detalhe importante é a diferenciação entre o ator e o contador de histórias. O primeiro invariavelmente está sempre a representar, a se basear na encenação, mesmo que considere a presença real do público. Já o segundo fundamenta-se na narração e precisa levar em conta a presença da plateia.
Para dar suporte aos contadores de história que buscam por formação, ou por aperfeiçoamento, o Curso Educação Infantil - Literatura Infantil e Contação de Histórias, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas, oferece essas e outras orientações. Confira abaixo algumas das dicas de aspectos técnicos da contação:
O olhar – É fundamental olhar nos olhos das crianças, como se estivesse contando para aquele ouvinte. Não se deve flutuar sobre os ouvintes, o olhar do contador deve ater-se aos olhos das pessoas, sem exagerar.
A voz – É o elemento fundamental da narração oral, merece um curso à parte. Uma dica é cuidar da dicção, ela deve ser impecável, pronunciando-se todas as letras de cada palavra. É importante também evitar falar muito lento, as pausas são necessárias, mas cuidando sempre para que não sejam prolongadas.
O diálogo – É muito importante começar com um pequeno diálogo antes das histórias. Por exemplo: explicar quem é o autor, porque se escolheu o tema, se o tema coincide com algum acontecimento importante.
Conheça mais detalhes sobre o mundo encantador da contação de histórias, suas estratégias, seus fundamentos e recursos, acessando o curso CPT. Aprenda também sobre outros temas interessantes, visitando a área Educação do portal CPT.
O “era uma vez...” permite o contato com o mundo da
fantasia, liberando a imaginação e facilitando seu exercício.
(Regina Machado)
Contos sempre encantaram povos
em todo mundo. Transmitidos de
pai pra filho através de séculos, as
histórias são efetivamente formas
de ensinar e aprender.
Em todos os tempos existiram
contadores de história, que contavam
junto à lareira, nas cozinhas, em meio
às estradas e durante o trabalho. Como
toda arte, a de “Contar História”
também possui suas técnicas.
Contar histórias enriquece o
mundo interior além de
desenvolver o hábito de ouvir, o
prazer de ler buscando sempre
outras, as mesmas e novas
histórias, acumulando assim
conhecimentos preciosos para a
qualidade de vida.
Objetivos:
Propiciar conhecimentos e reflexão
as diversas formas de se trabalhar
com crianças (de todas as idades);
Enfocar o ato de contar história
como uma das possibilidades de se
criar vínculos afetivos, transmitir
valores, estimular a aprendizagem e
desenvolver a imaginação.
Contar história é uma arte, e
para isso qualquer um de nós
pode trabalhar e desenvolver
algumas qualidades que fazem
toda diferença na narrativa.
Dicas importantes para os/as contadores/as de histórias:
Para começar a história o contador pode se utilizar de recursos
como: cantar uma música, ler um poema, acender uma vela, tirar
um pequeno objeto de um baú ou simplesmente sentar-se em
silêncio;
Um bom contador de histórias tem que ter sempre várias delas na
ponta da língua;
Recomenda-se que o contador aprenda a idéia central da história;
Um bom contador é fiel a história usando suas próprias palavras,
com naturalidade e de um jeito só seu.
A voz assume grande importância no ato de contar histórias;
Uma narrativa interessante, que envolve todos, se faz com o uso de
recursos vocais de modulação de voz (sons mais graves e mais agudos),
variação de intensidade (falar mais alto e mais baixo), onomatopéias (sons
de vento, chuva, relógio, etc.). Essas variações vocais dão movimentos à
palavra e ritmo à narrativa;
Música e instrumentos musicais podem ser usados para complementar a
narrativa, estimulando a audição de maneira diferente do texto.
O olhar do contador estabelece um vínculo com seus ouvintes. O olho
no olho é fundamental, é com o olhar que o contador pesca seus ouvintes;
Manter a coluna ereta, não ficar
balançando os pés, não coçar o nariz
ou ficar arrumando muito o cabelo
durante a narrativa!
Como começar uma história:
“Há muito tempo atrás, na terra
dos sonhos...”
“Há muito tempo atrás antes de
qualquer um de nós ter nascido...”
“Em uma terra muito distante
daqui...”
“Meu avô me contou esta
história...”
Como terminar uma história:
“E essa, meus amigos, é a
história...”
“Essa história é real, e se não for
deveria ser...”
“Há muito tempo atrás em uma
terra muito distante daqui...”
“Essa história acabou, e quem
quiser que conte outra...”
Perguntas sobre a Contação de Histórias:
- Repetir a história faz bem para as crianças? R.: Sim. Principalmente as crianças pequenas, até os seis anos, precisam e solicitam que recontemos as mesmas histórias repetidas vezes. Se assim fazemos, fortalecemos as imagens e mensagens das histórias e criamos uma segurança linguistica e afetiva com os pequenos. Além disso, o vocabulário infantil está sempre aumentando. Cada vez que contamos a mesma história, ela será ouvida, compreendida e vivenciada de forma diferente a cada nova repetição
- Qual a duração ideal de uma história? R.: Dependerá do número de crianças, da faixa etária e da técnica escolhida para a contação. Geralmente, as crianças mantém o mesmo tempo de concentração que possuem para outras atividades similares, tais como: brincar com objetos; folhear revistas em quadrinhos; brincar de pega-pega... Observe quanto tempo, em média, elas ficam numa mesma atividade sem desviar a atenção e programe sua contação com a mesma duração.
- Trocar, ou adaptar cenas/acontecimentos de histórias conhecidas é aconselhável? R.: Apesar de ser um tema com opiniões diversas, acredito que sim, de acordo com a faixa etária, pois, as crianças muito pequenas podem se traumatizar ao descobrir que coisas terriveis podem acontecer com os personagens e fazem, muitas vezes, silogismo com a vida real, ou seja, se a mãe da menina da história morreu, ela fica com medo de sua mãe também morrer. Ora, dependendo da idade, isso pode ser traumático. Já as crianças maiores já sabem e conhecem vários fatos e naturezas da vida humana e não se importam, ou se traumatizam com alguns fatos ocorridos na história que, muitas vezes, são iguais, ou até mesmo mais suaves do que já vivenciou com a sua família.
- Fantasia e maquiagem ajudam a contar histórias? R.: Dependerá da sua proposta e da faixa etária para a qual você irá contar a história. Podemos contar brilhantemente histórias sem maquiagem, figurino, ou outro apoio. Mas, dependendo da idade das crianças, tais recuros criam uma magia, ou realismo que dotam o contador com a qualidade visual que o personagem da história necessita. As crianças muito pequenas podem se assustar. Então, o bom senso será a melhor conselheira neste momento.
- Mostrar, ou não mostrar as ilustrações nos livros? R.: Na maioria das vezes é difícil não mostrar. Se você escolheu contar história com o livro, estabeleça, desde o início, as regras. Ou você mostra antes, durante, ou depois, mas deixe isso bem claro. Mostrar, ou não, dependerá mais da sua proposta pedagógica, ou artística.
- Como contar história para crianças hiperativas? R.: Fazê-las se aquietar, ou chamar a sua atenção e conseguir que se concentrem na história não é tarefa fácil. Podemos lançar mão de dinâmicas, brincadeiras e músicas cumulativas para introduzir a história e colocar elementos que elas tenham interesse. Logicamente, nem toda a criança é igual a outra e os interesses mudam. Assim, conhecer seu grupo é importante. Uma boa maneira é deixar a história cheia de altos e baixos e solicitar, ora, ou outra, a ajuda e participação das crianças.
- Histórias de terror antes de dormir atrapalham o sono? R.: Qualquer mãe irá saber a resposta dessa pergunta, sim. Mesmo adultos e adolescentes quando assistem a filmes, ou reportagens com cenas fortes no final da noite se acometem de pesadelos, ou dificuldades para dormir, quem dirá os pequenos. Por isso mesmo, as histórias para dormir devem ser mais tranquilas, até mesmo extensas, para estimular o sono. Porém, é saudável contar estas histórias no iníci da noite, quando se vai demorar ainda pra se dormir, dando tempo pra outras brincadeiras e dominar os possíveis receios e medos estimulados na história
- As histórias ajudam no comportamento das crianças? R.: Certamente. quanto menores as crianças, menos experiências sociais e conhecimentos ela possui. A história ajuda na descoberta de atitudes e ações, dando exemplos de possíveis consequencias (boas, ou ruis) de cada ato que os personagens fazem. Mesmo sem explicações, ou admoestações, elas percebem as escolhas de cada personagem e, paulatinamente, discernem o "certo" do "errado", ou fortalecem qualidades como: força de vontade, determinação, compaixão, entre outros sentimentos
- Posso conta mais de uma história numa mesma aividade?R.: Sim. Não há regras para contar histórias. Tudo dependerá da atividade, do tempo disponível para a contação e quantas crianças estarão assitindo. Quando maior o número de histórias que pretendemos contar, mais curta e coesa e dinãmica devem ser, para prender a atenção das crianças durante todo o tempo.
- O termo 'Contaçao de histórias' existe?R.: Não gramaticalmente. O termo é uma expressão relativamente recente, livremente traduzida e adaptada de países de língua castelhana "cuentacuentos", que pode significar tanto o ato de se contar histórias, quanto o próprio contador. Na língua inglesa, temos o termo "Storytelling", que é o ato, ou capacidade de se narrar um fato, ou história, de improviso, ou planejadamente, usando diversos tipos de recursos, ou um apenas. Os termos que se encontram fora do uso oficinal da língua, mesmo que nela não encontrem referência nos dicionários e acordos ortográficos, sim, fazem parte da nossa língua, desde que não seja um erro ortográfico, ou de construção verbal...
Disponível em: http://www.contadoresdehistorias.com.br/dicas.html; http://www.cpt.com.br/cursos-educacao-infantil/artigos/tecnicas-para-a-contacao-de-historias; http://www.brasilsolidario.com.br/wp-content/uploads/Palestra_Conta%C3%A7%C3%A3o-de-Historias_abril_2014.pdf. Acesso em: 07/07/2015.
Imagens disponíveis em: https://www.google.com.br/search?q=conta%C3%A7%C3%A3o+de+hist%C3%B3rias&espv=2&biw=1366&bih=623&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=GzCcVZbVMsSXNumvg6AI&ved=0CAcQ_AUoAg. Acesso em: 07/07/2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário