AVALIAÇÃO DOCENTE
Ao se propor a discussão da avaliação
docente enquanto estratégia política para promover a qualidade de ensino
pode-se refletir sobre alguns contextos que a envolvem. Mainardes
(2006), analisando o ciclo de políticas delineado por Ball, coloca que é
no contexto de influência que os conceitos adquirem legitimidade e
formam um discurso de base para a política. Nesse contexto, em que as
intenções da política estão em fase de formulação, ela sofre a
influência de comissões, da mídia e, até mesmo, global ou internacional
como consequência da circulação de ideias, do "empréstimo" de políticas
ou, até mesmo, pelo patrocínio ou imposição de soluções por parte de
agências multilaterais (OCDE, UNESCO, Banco Mundial, FMI).
As
pressões da sociedade civil por uma educação de qualidade, em grande
parte devido ao fraco desempenho dos alunos brasileiros nas avaliações
nacionais e internacionais, além da divulgação de estudos comparativos
internacionais acerca de políticas que promovem o sucesso escolar,
parecem resultar na formulação e implementação de políticas públicas
voltadas para o delineamento do perfil de um bom professor, para o
recrutamento de profissionais que possuam tais características e
monitoramento daqueles que já atuam nas redes.
Ao
mesmo tempo, a proposição de estratégias de avaliação do desempenho
docente enfrenta algumas oposições, principalmente por parte dos atores
envolvidos nesse processo. Parte dessa resistência pode ser atribuída à
diversidade de objetivos, procedimentos e efeitos que podem caracterizar
um sistema de avaliação e, também, à diversidade de concepções de
ensino, de escola e de sociedade. Dentre a variedade de finalidades de
uma avaliação docente, Fernandes (2008) destaca a intenção de melhorar o
desempenho dos professores; responsabilização e prestação pública de
contas; melhorar práticas e procedimentos das escolas; compreender
problemas de ensino e aprendizagem, contribuindo para a identificação de
soluções possíveis; e compreender as experiências vividas por quem está
envolvido numa dada prática social.
Ao
se refletir sobre as cinco finalidades citadas, observa-se que elas se
complementam e que a ideia de responsabilização é a que mais assusta
aqueles que serão avaliados. Os professores justificam parte das
dificuldades em promover o ensino de boa qualidade nas péssimas
condições de trabalho a que são submetidos e, portanto, não querem ser
responsabilizados por problemas estruturais. Assim, os medos e as
dúvidas alimentam a polêmica discussão sobre os critérios e
procedimentos mais adequados para cada modelo de avaliação docente.
A
avaliação de professores tem o seu espaço na agenda política de muitos
países e a literatura internacional apresenta estudos que visam a
captar, a partir de diversos instrumentos metodológicos, o que seria o
perfil de um bom professor e qual a melhor forma de mensurar e
reproduzir boas práticas docentes. Assim, por meio de uma revisão de
literatura internacional baseada, principalmente, em textos publicados
pelo Programa de Promoción de la Reforma Educativa de la America Latina y
el Caribe (PREAL) e nos trabalhos apresentados no Seminário
Internacional Avaliação de Professores na Educação Básica: uma Agenda em
Discussão – promovido em 2010 pela Fundação Cesgranrio e pela Academia
Brasileira de Educação, pretende-se evidenciar algumas tendências e
estratégias de avaliação docente, possibilidades e obstáculos.
Além
disso, considerando o momento brasileiro atual de apreensão em relação à
formulação e implementação de uma política nacional de seleção de
professores para o ingresso nas redes públicas de ensino, a apresentação
dos resultados de alguns estudos internacionais sobre o tema poderá
contribuir para a discussão pública proposta pelo governo e que
substanciará o contexto de produção de texto dessa política.
Assim,
a segunda parte do trabalho discute percepções do perfil de um bom
professor e da atual proposta política de seleção docente no país. A
terceira parte se centra na discussão sobre algumas estratégias
políticas de avaliação docente, possibilidades e obstáculos, enfatizando
as tendências de utilização de indicadores educacionais para aferir a
qualidade ou a efetividade docente.
Ponto de partida: concebendo o perfil de um bom professor
Schleicher
(2006), em sua análise comparativa internacional dos sistemas escolares
dos países da OCDE, resume que, em geral, as políticas dirigidas ao
corpo docente partem de quatro objetivos. São eles: as preocupações
relacionadas à capacidade de atração da docência como carreira
profissional; ao desenvolvimento dos conhecimentos e das habilidades dos
professores; à seleção, contratação e emprego dos professores; e à
retenção dos professores eficazes nas instituições educacionais. Nesse
trabalho ele identifica que, dentre as orientações comuns mais
importantes nas políticas e práticas relacionadas ao corpo docente,
um perfil profissional docente nítido, bem-estruturado e amplamente aceito pode converter-se em mecanismo poderoso, capaz de abranger os elementos utilizados no desenvolvimento de conhecimentos e habilidades dos professores, e de proporcionar um meio para avaliar se os programas de capacitação do corpo docente estão produzindo resultados (SCHLEICHER, 2006, p. 67).
Por
sua vez, Carnoy (2009), em seu estudo comparativo entre Brasil, Chile e
Cuba, sugere como solução mais simples em curto prazo para assegurar
uma competência docente mínima em países como Brasil e Chile o teste do
conhecimento do conteúdo e das habilidades de ensino docente depois que
estes se graduam na universidade ou institutos de formação para que,
dessa maneira, o Estado verifique se os professores satisfazem os níveis
mínimos de conteúdo e padrões pedagógicos estipulados em seu currículo
obrigatório. Segundo o autor,
O problema no Brasil e no Chile (e na maioria dos países latino-americanos) é que não existem padrões claros do que se considera um ensino de boa qualidade e há pouca avaliação de desempenho docente mesmo entre os estudantes do magistério e dos próprios professores no início de carreira. Na maioria das profissões existe, no mínimo, medidas de resultado do trabalho. [...] Deveria também ser possível avaliar a quantidade do trabalho docente, mesmo em termos qualitativos, se existissem padrões de desempenho claros e se os gestores fossem capazes de aplicar esses padrões de modo consistente (CARNOY, 2009, p. 201).
Assim,
refletir sobre a implementação e acompanhamento de padrões de qualidade
na educação torna-se uma tarefa essencial para o estabelecimento de
processos de avaliação que visem à melhora do desempenho. Schleicher
(2006) coloca que padrões de desempenho funcionam apenas quando
implementados e avaliados de maneira uniforme e que, de maneira geral, a
formulação de objetivos, padrões educacionais e a supervisão de seu
cumprimento são pré-requisitos para elevar os níveis de desempenho.
Danielson (2010) também coloca a necessidade de que educadores
determinem os diferentes níveis de desempenho e um padrão para o que é
um desempenho aceitável ou exemplar, ressaltando que tais padrões devem
ser muito claros, sem ambigüidades, serem conhecidos e acessíveis ao
público.
Em sintonia com
os principais movimentos de definição de um quadro de parâmetros de
avaliação dos professores no Brasil, desde 2010, discute-se uma
iniciativa do INEP/MEC de se estabelecer a Prova Nacional de Concurso
para o Ingresso na Carreira Docente. Segundo o site do INEP/MEC (INEP,
2010), a Prova Nacional de Concurso tem o objetivo principal de
subsidiar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios na realização
de concursos públicos para a contratação de docentes para a educação
básica. A prova será anualmente aplicada de forma descentralizada em
todo o país para os candidatos ao ingresso na carreira docente das redes
de educação básica. Caberá a cada secretaria optar pela adesão e pela
forma de utilização dos resultados: se, como única prova, seguida da
análise de títulos, ou, como primeira prova, seguida de uma prova
adicional elaborada e aplicada pela própria secretaria.
Nesse
contexto, o Brasil aguarda a validação empírica da matriz de referência
da avaliação nacional para ingresso na carreira docente de professores
da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental. As
equipes técnicas do INEP/MEC consultaram os padrões estabelecidos para a
profissão docente na Austrália, no Canadá, em Cingapura, no Chile, em
Cuba, nos Estados Unidos e na Inglaterra para levantar os fatores comuns
ao perfil de um bom professor e que podem ser utilizados como critérios
para avaliação da carreira docente. Como resultado, 20 fatores foram
considerados recorrentes e serviram de base para a composição dos temas
gerais que norteiam a elaboração da matriz de referência da Prova
Nacional de Concurso para o Ingresso na Carreira Docente. No Quadro 1 a seguir apresentam-se os fatores que, segundo os estudos do INEP/MEC (INEP, 2010), são necessários a um bom professor.
Segundo
os Referenciais para a Prova Nacional de Concurso para o Ingresso na
Carreira Docente submetido à consulta pública, os resultados das provas
proporcionarão às redes estaduais e municipais que aderirem a esse
recurso de seleção docente informações importantes "sobre quais as
áreas em que os professores recém contratados têm maiores conhecimentos e
em quais apresentam maiores deficiências – o que poderá orientar os
processos de formação continuada que cada rede realiza" (INEP, 2010, p.
5). No entanto, observa-se que muitos desses fatores não podem ser
mensurados em provas escritas e, portanto, para verificar se um
professor está de fato de acordo com o perfil docente delineado pelo
governo federal brasileiro será necessário um processo de avaliação mais
abrangente. O próprio INEP/MEC reconhece essa dificuldade e retirou da
relação de temas gerais, presente no documento, aqueles que só poderiam
ser verificados por meio da prática docente, em sala de aula.
Constata-se,
assim, que as secretarias precisarão elaborar estratégias para lidar
com as deficiências diagnosticadas na própria Prova Nacional, de modo
que os professores selecionados não sejam efetivados sem o necessário
domínio do conteúdo e das práticas pedagógicas.
Uma
solução a ser explorada é o uso devido do estágio probatório, muitas
vezes marginalizado como mera formalidade e baseado apenas na
assiduidade do professor. A assiduidade é um aspecto importante e, para
os pais, a quem os diretores deveriam prestar contas, as faltas dos
professores são sinônimo de baixa qualidade de ensino. Mas o estágio
probatório poderia vir a desempenhar um papel de grande relevância como
espaço para formação na prática e, como etapa constituinte do processo
de seleção docente, impedir o ingresso de maus professores ou
despreparados de forma definitiva na escola. Durante o estágio, seria
possível diagnosticar as dificuldades dos professores, propiciar uma
chance de melhorar a prática docente e, em caso de não satisfação dos
padrões exigidos, removê-los das salas de aula.
Talvez
a maior dificuldade para o melhor aproveitamento do estágio probatório
seja a ausência de liderança pedagógica e supervisão por parte de
diretores e vice-diretores no Brasil, ao contrário do que ocorre em
Cuba, por exemplo, onde, nos primeiros anos de suas carreiras, os
professores são supervisionados por gestores escolares e professores
orientadores (CARNOY, 2009). Segundo Carnoy, os principais efeitos da
baixa qualidade dos sistemas de supervisão no Brasil, e também no Chile,
são que muitos professores nunca aprendem a ensinar de modo eficaz e
são incapazes de realizar um bom trabalho de ensino do currículo
obrigatório, fazendo com que grande parte do conteúdo nunca seja
oferecido a muitos alunos e, assim, tais alunos e seus pais nunca tomem
conhecimento do quão pouco eles aprenderam em comparação ao que poderiam
aprender se lhes fosse dada a oportunidade.
Além
disso, a avaliação da qualidade docente não pode restringir-se ao
processo de seleção. No Brasil, os professores, de maneira geral, não
são sistematicamente avaliados e a promoção ocorre por tempo de serviço
ou aumento na titulação, sendo assim necessário apoiá-los na melhoria de
sua formação e na consolidação de uma carreira que equilibre direitos e
deveres, com o estabelecimento de padrões claros que indiquem o que se
espera dos professores, além de avaliações frequentes para monitorar o
seu desempenho (BOLETIM DA EDUCAÇÃO NO BRASIL, 2009). Também é preciso
salientar que, enquanto os salários dos professores não forem
competitivos e a carreira continuar desvalorizada, será difícil atrair
os melhores alunos egressos do Ensino Médio para o magistério e manter
os bons professores na escola.
A
seção seguinte se centrará na discussão sobre algumas estratégias
políticas de avaliação docente e possibilidades e obstáculos enfrentados
para a sua implementação.
Estratégias de avaliação docente: um tema controverso
A
implementação de um sistema de avaliação docente para monitorar a
qualidade de ensino nas salas de aula envolve o enfrentamento de alguns
desafios e, ao mesmo tempo, proporciona algumas oportunidades para todos
os atores que participam do processo. Um dos principais desafios a
serem superados é de natureza cultural e corresponde a uma lógica de
avaliação associada à classificação, seriação e seleção e não como um
processo formativo que visa à melhoria, ao desenvolvimento e às
aprendizagens (FERNANDES, 2008; PERRENOUD, 1999). Outro problema está
relacionado com as diferentes perspectivas desses atores acerca das
finalidades da avaliação. Os professores muitas das vezes se colocam em
uma posição defensiva, preocupando-se com a proteção de seus direitos,
com a garantia de seus empregos, com o reconhecimento das dificuldades
enfrentadas e complexidades de seu ofício, mas também anseiam por uma
avaliação que os incentive a melhorar e que garantam a progressão na
carreira, enquanto que os pais e administradores dos sistemas escolares
se interessam pela eficácia ou efetividade docente (FERNANDES, 2008).
De
acordo com Isoré (2010), alguns elementos são cruciais para superar os
obstáculos enfrentados para a implementação de um sistema de avaliação
do desempenho docente: (a) os professores aceitam com maior facilidade
serem submetidos à avaliação quando são consultados durante a concepção
do processo; (b) os professores devem saber o que se espera deles para
serem reconhecidos como bons docentes e quais serão os procedimentos de
avaliação antes do início do processo; e (c) a aplicação de uma
implementação piloto é uma forma de garantir a viabilidade e
confiabilidade do sistema antes da plena implementação e, associada às
percepções dos atores chave do processo, permite a revisão do processo e
a introdução de ajustes à luz de possíveis deficiências. Pode-se
acrescentar a essa lista que (d) o resultado de quem está sendo avaliado
deve ser o mesmo independentemente de quem seja o avaliador, de forma
que um julgamento consistente feito por avaliadores treinados,
especialistas do conteúdo avaliado, seja uma garantia da confiança no
sistema como um todo (DANIELSON, 2010). E, também, que, (e) por ser
complexo, o processo de avaliação deve exigir uma simplicidade de
procedimentos, recorrendo a instrumentos ou a outras fontes de
informação que se centrem exclusivamente no que é importante (FERNANDES,
2008).
Danielson (2010)
diz que os sistemas de avaliação de professores abrangem três
principais componentes: uma definição clara de uma boa prática
pedagógica (o "o quê"), métodos justos e confiáveis para trazer à tona
provas de uma boa prática pedagógica (o "como"), e avaliadores treinados
que saibam fazer julgamentos coerentes baseados nas provas. Segundo
ela, a maioria dos sistemas de avaliação de professores é baseada em
critérios obsoletos e observações de aulas são conduzidas às pressas por
avaliadores que não receberam treinamento e que não sabem, ao certo, o
que devem observar, fazendo com que tais sistemas não sejam levados a
sério nem pelos professores nem pelos administradores.
Em
relação aos instrumentos de avaliação, segundo Danielson (2010), os
sistemas de avaliação de professores desenvolvidos ou revisados mais
recentemente apresentam como características comuns o uso de
procedimentos diferenciados para professores novatos e experientes, a
adoção de ciclos de avaliação periódica para professores experientes
(como a cada três, quatro ou até cinco anos) e a exigência de atividades
que promovam o aprendizado profissional. Isoré (2010), em sua revisão
de literatura sobre avaliação docente, cita como instrumentos utilizados
para avaliação as observações em aula, entrevistas, análise de
portfólio preparado pelo professor, indicadores de rendimento escolar,
provas, questionários e pesquisas.
Fernandes
(2008) diferencia três diferentes abordagens de avaliação com
diferentes focos: avaliação da qualidade dos professores focalizada na
análise da competência, isto é, no sistema de saberes diversificados e
específicos que eles dominam, utilizam ou em que acreditam; avaliação da
qualidade do ensino focalizada na análise do desempenho dos professores
e associada ao que o professor efetivamente faz como ensinar, preparar
aulas, participar de reuniões e conselhos de classes; e, por fim,
avaliação da eficácia dos professores focalizada na análise dos
resultados dos seus alunos e, portanto, no seu efeito sobre o que os
alunos são capazes de responder em determinadas situações.
Intuitivamente, poder-se-ia dizer que a primeira abordagem poderia ser
centrada em provas escritas, a segunda, na observação, e a terceira, na
análise de indicadores de desempenho dos alunos. Assim, cada abordagem
corresponde à avaliação de diferentes fontes de evidência, mais ou menos
controversas, dependendo se a análise é feita sob a ótica do avaliador
ou do avaliado.
Isoré
(2010) resumiu em um quadro, reproduzido a seguir, os argumentos a favor
e contra a avaliação docente segundo sua revisão de literatura.
Muitos dos argumentos presentes no Quadro1
já foram apresentados aqui, mas cabe ressaltar que a discussão sobre o
financiamento da avaliação, embora não esteja no escopo deste trabalho, é
um tema que precisa ser discutido. Uma solução possível para o caso
brasileiro, que possui um sistema educacional altamente descentralizado,
seria a utilização dos recursos oriundos do Plano de Ações Articuladas
(PAR) pelos municípios. O PAR prevê não só a transferência de recursos,
mas também de apoio técnico do MEC para um município que apresente uma
proposta de implementação de projetos que visem à melhora dos seus
indicadores educacionais a partir de um roteiro de planejamento e
reformas (BOLETIM DA EDUCAÇÃO NO BRASIL, 2009). Assim, pode-se
vislumbrar o PAR como uma oportunidade não só de obter os recursos
financeiros, mas também de conseguir a assistência técnica de que o
município irá precisar para orientar o seu sistema de avaliação docente.
Segundo
Fernandes (2008), dentre as possibilidades oportunizadas por um sistema
de avaliação docente está claramente a de desenvolvimento profissional
do professor, contribuindo para melhorar a situação pedagógica das
escolas e, dessa forma, a qualidade do serviço que prestam à população.
Nesse sentido, os professores terão a oportunidade de ver o seu trabalho
reconhecido e valorizado, assim como os de seus colegas e o da escola
em geral, propiciando um esforço coletivo que leva ao progresso e ao
sucesso. Da mesma forma, também se cria a oportunidade de que os
professores considerem que melhorar faz parte de suas responsabilidades
como profissionais de ensino.
Em
sua busca por marcos referenciais para a avaliação docente na América
Latina, Vaillant (2008) cita em seu trabalho experiências implementadas
em diversos países do mundo. De todas as experiências analisadas, a
autora considerou que os modelos, estratégias e processos desenvolvidos
para o alcance das metas de avaliação docente desenvolvidos nos Estados
Unidos, Austrália, Chile e Colômbia poderiam servir de inspiração para
os demais países da América Latina.
Segundo
ela, o sucesso apresentado por esses quatro países resultam de um
significativo esforço técnico que incluiu a revisão da literatura sobre o
tema, a realização de seminários internacionais, a colaboração de
acadêmicos nacionais e de especialistas internacionais, além da
realização de experiências-piloto. Em suma, as experiências
desenvolvidas nos quatro países têm permitido melhorar a compreensão da
docência e proporcionar uma base sólida para a tomada de decisões,
realizar um acompanhamento permanente e rigoroso dos efeitos produzidos
pelos processos de mudança, e priorizar o interesse pela análise e a
valorização dos resultados alcançados pelos alunos, pelos professores,
pelos centros e pelo conjunto do sistema.
No
caso do Chile, por exemplo, a construção do sistema de avaliação
docente ocorreu no período de 1998 a 2005 com a participação direta do
Ministério da Educação, da Associação Chilena de Municípios e do grêmio
(ou sindicato) dos professores. O interesse dos próprios professores
pelo desenvolvimento de um sistema de avaliação docente foi incentivado
por um contexto em que se debatiam políticas de incentivo (bonificações)
baseadas nos resultados dos alunos no Sistema Nacional de Evaluación de
La Calidade de La Educación (SIMCE) e da crescente privatização da
educação (ASSAÉL; PAVEZ, 2008).
No
modelo chileno, os professores são avaliados a cada quatro anos por
meio de portfólios, autoavaliação, entrevista e parecer do diretor da
escola e do coordenador pedagógico, sendo todos os instrumentos baseados
nos critérios estabelecidos no Marco para la Buena Enseñanza. De acordo
com o desempenho, o professor pode ser qualificado com o nível
destacado, competente, básico ou insatisfatório. Os professores
considerados destacados e competentes recebem uma bonificação salarial,
enquanto que os professores de nível básico ou insatisfatório recebem
apoio para a melhoria de sua prática pedagógica. Os professores situados
no nível insatisfatório são avaliados novamente no ano seguinte e, caso
persista o resultado negativo, passam a ser acompanhados por um
professor tutor. Os professores são então novamente avaliados no ano
subsequente e, em caso de novo resultado insatisfatório, são obrigados a
sair do sistema (ASSAÉL; PAVEZ, 2008).
Mesmo
com a participação ativa dos professores na criação e desenvolvimento
do sistema de avaliação chileno, ainda há espaço para desconfianças e
críticas ao modelo. Uma das críticas, dentre outras, diz respeito a
casos de escolas que receberam prêmio por bom desempenho possuírem, em
seu efetivo, professores avaliados como insatisfatórios.
Aliás,
a premiação ou o pagamento de bônus salarial são temas que estão sendo
debatidos em vários países. Outro fator que gera muitas divergências e
que o determinante para o sucesso de uma política de avaliação docente é
a definição dos critérios, dos métodos e das conseqüências da
avaliação. Esses temas serão explorados a seguir.
Indicadores de desempenho e efetividade docente: algumas tendências
Nos
últimos anos, os sistemas educacionais brasileiros têm promovido
avaliações em larga escala para medir a proficiência dos alunos, tanto
na esfera nacional (SAEB/Prova Brasil) como nas esferas estaduais e
municipais (SARESP, SIADE, Prova São Paulo, etc.). Os resultados
alarmantes dessas avaliações têm repercutido nas secretarias de educação
e nas escolas, promovendo o debate sobre as políticas públicas e as
práticas pedagógicas que poderiam ser adotadas para melhorar o
desempenho dos alunos. Atualmente, alguns estados estão fazendo uso
desses resultados para premiar financeiramente as escolas e/ou
professores que conseguem promover o aumento das médias de proficiências
de seus alunos entre os anos avaliados e isto tem gerado muita
discussão, principalmente nos sindicatos dos professores, que questionam
a implantação do critério meritocrático para conceder aumento salarial.
A secretaria de
educação do estado de São Paulo, por exemplo, está implementando o
Programa + Qualidade na Escola. A primeira etapa do programa envolveu a
criação da Escola de Formação de Professores do Estado de São Paulo,
adotando um curso de formação como parte do processo seletivo de
docentes. A segunda etapa se basearia na valorização pelo mérito por
meio do Sistema de Promoção no Quadro do Magistério, na qual as
promoções significam uma evolução salarial na carreira ao longo de 5
faixas. A passagem de uma faixa para outra depende de algumas normas
estabelecidas, dentre as quais está a nota obtida no Exame de Promoção
de Professores (que seria realizado anualmente e cuja participação é
voluntária) e a análise da vida funcional nos anos anteriores
(assiduidade e tempo de permanência numa mesma escola). Vale ressaltar
que diretores e supervisores também são contemplados no sistema de
promoções. No 1º Concurso de Promoção, realizado no início de 2010,
constatou-se que, dentre os professores atuantes no segundo segmento do
Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio (PEB II), compareceram 43,6% e
apenas 36,7% do contingente total da rede foram considerados aprovados
(SOUZA, 2010).
Esse
exemplo leva ao questionamento sobre quais estratégias devem ser
adotadas para motivar a participação docente nos processos de avaliação
de seu próprio desempenho, para conscientizar os professores sobre o seu
nível de desempenho atual, promover o aperfeiçoamento daqueles que
estiverem abaixo do padrão desejado e valorizar aqueles que alcançam
resultados positivos. Fernandes (2008) insiste na ideia de que é preciso
equilibrar inteligentemente uma perspectiva de desenvolvimento
profissional, mais situada e contextualizada, e uma perspectiva de
responsabilização ou de prestação pública de contas, mais padronizada e
centrada em medidas de desempenho ou eficácia.
O
sucesso educacional da Finlândia, expresso nos resultados do Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) – promovido pela OCDE, é
frequentemente atribuído às políticas desse país em relação ao corpo
docente, que são concebidas para garantir que pessoas competentes
queiram trabalhar como professores, que o ensino seja de alta qualidade,
e que todos os estudantes tenham acesso a esse ensino de excelência
(SCHLEICHER, 2006). Mas o que indica a competência ou a efetividade de
um professor?
Hunt
(2009) entende efetividade docente como o termo usado para definir o
conjunto de características, competências e condutas dos professores, em
todos os níveis educativos, que levam os alunos a obter melhores
resultados, incluindo objetivos específicos de aprendizagem e mais
amplos, como a capacidade para resolver problemas, pensar criticamente,
trabalhar colaborativamente e se tornarem cidadãos efetivos.
Para
Goe (2007), os indicadores da qualidade docente podem ser definidos de
diferentes formas para diferentes propósitos. No entanto, segundo a
autora, a qualidade docente pode ser evidenciada em professores com as
seguintes características:
- qualificações e experiência apropriada para a matéria e o nível de ensino onde atua;
- altas expectativas para os estudantes, especialmente para os de baixo desempenho;
- criação
na sala de aula, de um ambiente que encoraje a participação de todos os
estudantes nas atividades de aprendizagem propostas;
- desejo de ajudar os estudantes a atingirem altos níveis de proficiências;
- habilidade
de motivar os estudantes de minorias a frequentarem a escola e a
participarem das atividades mesmo que eles não demonstrem alcançar
ganhos significativos de aprendizagem;
- habilidade de monitorar novos professores e ação estabilizadora da permanência e coesão do corpo docente na escola; e
- disposição
para trabalhar com afinco para ajudar os estudantes com necessidade de
maior apoio, mesmo que os resultados do desempenho desses alunos não
reflitam a contribuição do professor.
Ainda
segundo Goe (2007), a medição da qualidade docente pode ser estruturada
da seguinte forma: "inputs" (qualificação docente e características do
professor), processo (prática docente) e resultado (efetividade
docente).
Ao apresentar a pragmática da avaliação, Perrenoud (1999, p. 53) coloca que "assim
que informada à direção das escolas ou a instâncias responsáveis pelo
sistema, a avaliação dos alunos permite, indiretamente, uma avaliação
do estabelecimento ou dos professores". Nessa perspectiva, que
constitui uma tendência de avaliação docente, seria possível avaliar e
comparar o impacto ou a efetividade dos professores por meio da
avaliação externa e padronizada dos alunos.
A
avaliação externa nada mais é do que avaliação e, portanto, também
sofre a influência relativa aos contextos em que é realizada, tais como a
intervenção do professor e da direção, a favor ou contra, e o nível de
comprometimento dos alunos, sem mencionar que por muitos é vista como um
mero recurso de classificação de instituições de ensino.
Segundo
Klein (2005), os testes de uma avaliação externa têm como finalidade
aferir o conhecimento ou habilidade dos alunos em uma ou mais séries e
seus resultados não se restringem a informar o percentual de acertos,
mas o que os alunos sabem e são capazes de fazer através da
interpretação de uma escala apropriada. Para o autor, tais diagnósticos
deveriam ser utilizados em políticas públicas de melhoria da qualidade
do ensino e, sendo periódicos, ter a finalidade de monitorar a qualidade
de ensino por meio de uma escala apropriada e única ao longo dos anos.
Ainda
segundo Klein (2005, p. 2), "as informações sobre os erros dos alunos
deveriam ser utilizadas para fornecer subsídios para programas de
formação e capacitação de professores".
No
entanto, para Goe (2007) a medição da qualidade docente por meio do
resultado dos alunos em testes padronizados ainda se configura em um
desafio, pois tais testes foram concebidos para medir as proficiências
dos alunos e não a qualidade do professor. Além disso, há a dificuldade
de separar os efeitos do professor dos efeitos da sala de aula (clima da
sala ou da escola, por exemplo) e, por fim, obter a ligação entre os
dados do professor e alunos que permita conectar um professor específico
ao desempenho dos alunos nos testes sem que seja feita uma pesquisa
delineada com esse objetivo.
Segundo Danielson (2010, p. 6),
Usar o desempenho dos alunos para avaliar a habilidade do professor está, em todos os casos, repleto de desafios. Os próprios alunos variam muito em relação ao que trazem ao cenário e alguns desses fatores estão além do alcance do professor e até mesmo da escola. Além disso, avaliações eficazes do importante aprendizado do aluno não estão sempre disponíveis e certamente não para todas as áreas do currículo. Mas se forem planejados com atenção, com as medidas adequadas de crescimento (avaliações antes e depois do ano escolar, por exemplo), os sistemas podem ser justos para os professores e podem incluir informações de importância para o ensino, isto é, para o aprendizado do aluno.
Hunt
(2009) entende que a medição da efetividade docente por meio dos
resultados dos alunos nas avaliações de desempenho deveria ser
complementada, em todos os casos, com observações efetivas do rendimento
do docente e de sua conduta em aula, na escola e na comunidade, além de
outras observações da aprendizagem dos estudantes, como amostras de
trabalhos ou portfólios.
Em
sua revisão de literatura, Darling-Harmond e Youngs (2002) concluem que
a formação do professor é importante para as aquisições dos alunos, mas
que características como a habilidade verbal e o domínio da matéria que
leciona são os componentes mais importantes da efetividade docente.
Além disso, os autores acrescentam que professores que terminam seus
cursos de formação não estão preparados para exercerem seus cargos e que
algumas qualificações docentes importam menos que as outras em função
do grau e da série que o professor leciona e da matéria que ele ensina.
Em
sua pesquisa sobre o desenvolvimento de métodos de valor agregado para
avaliação da escola, Gray (2008) afirma que as escolas começam a
refletir sobre os resultados individuais de seus alunos e que, algumas
vezes, esse procedimento permite alguns pequenos avanços. Segundo ele,
embora os indivíduos sejam diferentes entre si, geralmente, encontram-se
boas razões para explicar o desempenho de cada um e que o desafio é
descobrir os elementos comuns que se aplicam às experiências de todos os
alunos.
Como os estudos
têm comprovado que professores efetivos provocam impactos
significativos na aprendizagem dos estudantes e que a efetividade varia
de acordo com as características da qualidade docente, a identificação
dos componentes que o professor incorpora em sua prática docente e
provoca o aumento ou a queda na aprendizagem dos alunos poderá se
configurar em um valioso instrumento para auxiliar no design
instrucional dos projetos de formação, capacitação e avaliação docente e
com isso, resultar em medidas que promovam a eficácia escolar.
Considerações Finais
Carnoy
(2009, p. 210) conclui seu trabalho dizendo que "o Estado deve garantir
que todos os professores sejam eficazes na produção da aprendizagem dos
alunos avaliando seu desempenho com regularidade, desde a certificação
inicial até a supervisão do seu trabalho nas salas de aula". Como foi
mostrado aqui, o governo brasileiro tomou a iniciativa de delinear um
perfil docente para engendrar uma política de seleção que pode ser
considerada um efeito das pressões advindas do contexto de divulgação
dos resultados de outra política, a de avaliação de desempenho dos
alunos. Mas de nada adiantará estabelecer um perfil do que se deseja se
não for implementado um sistema de políticas públicas para atrair,
formar e/ou capacitar candidatos a professores que correspondam a ele e,
além disso, oportunizar a qualificação, valorização e avaliação do
corpo docente e dos gestores educacionais que já integram os quadros
públicos.
As políticas
sociais e educacionais precisam atender a toda diversidade cultural,
regional e socioeconômica presente no contexto brasileiro e, portanto, é
preciso escutar de fato as diferentes vozes dos vários atores
envolvidos no processo de avaliação.
Mesmo
que se tenha boa vontade política, a possibilidade de se cometer
equívocos de julgamento na determinação de procedimentos e critérios de
avaliação existe. Portanto, nesse debate, será necessária a massiva
participação de equipes pedagógicas e especializadas nos diversos
conteúdos para que ao fim da discussão pública se produza um texto que
corresponda a uma política justa, rigorosa e ética para com os atores
envolvidos e que, de fato, vise à melhoria da qualidade do ensino.
Uma
sugestão, seguindo ao que foi exposto anteriormente em meio a revisão
de literatura, seria a implementação piloto do Exame Nacional de
Ingresso na Carreira Docente para levantar possíveis incoerências e
obter credibilidade. A mesma sugestão pode ser considerada frente à
adoção de políticas descentralizadas de avaliação docente por estados e
municípios. Ainda é cedo para avaliar os efeitos do programa político
implementado pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, no
entanto, esta pode servir de exemplo e, principalmente, servir de fonte
de estudos acerca de políticas de avaliação docente. Da mesma forma,
pesquisas longitudinais que acompanhem os resultados dos alunos de um ou
mais grupos de professores também podem reunir as condições necessárias
para superar as dificuldades de uso dos resultados dos testes
padronizados citadas anteriormente e subsidiar a discussão dessa
prática.
Não se pode
esquecer também que a avaliação só terá real significado e utilidade se
as escolas e os professores estiverem verdadeiramente engajados em
analisar e avaliar o trabalho que fazem e, portanto, precisam estar
conscientes de todas as etapas e procedimentos envolvidos no processo,
da finalidade da avaliação, dos padrões de desempenho que se espera
deles, terem garantia de um julgamento imparcial e terem acesso aos seus
resultados, ao que eles representam e a quais efeitos (valorativos,
punitivos ou formativos) estão a ele associados.
Perrenoud
(1999), por exemplo, defende a avaliação formativa e critica o caráter
normativo e comparativo da avaliação tradicional, sem deixar de citar os
obstáculos vivenciados na adoção de uma ou da outra lógica. Além disso,
a abordagem sociológica do autor permite a reflexão sobre os contextos
vivenciados pelos alunos e professores e isso facilita o entendimento
das principais dificuldades enfrentadas na sala de aula e fora dela, das
pressões da família, do contrato didático e do ofício do aluno, da
preocupação do professor em manter sua reputação diante dos olhos do
aluno e de seus colegas de trabalho e das dificuldades que ele enfrenta
para romper com as práticas correntes, enfim, de toda uma lógica de
avaliação, seja a serviço da seleção e da certificação, seja a serviço
da regulação das aprendizagens. Esse olhar possibilita uma visão geral
de duas lógicas de avaliação e das dimensões interdependentes que
influenciam e, por vezes, limitam a adoção dela.
Algumas
ideias interessantes podem ser captadas no trabalho desenvolvido por
Ball e Bowe (1992 apud MAINARDES, 2006), tal como a de que políticas não
podem ser implementadas, mas sim interpretadas e que essa transformação
complexa da palavra em ação, ou de políticas em práticas, envolve um
processo de atuação dos professores que varia de acordo, entre outros,
com a experiência deste e das variações de contexto a que ele está
submetido. Dessa forma, as políticas educacionais não são colocadas em
prática da mesma maneira em escolas diferentes, visto que as realidades
vivenciadas pela escola, em relação aos recursos humanos, financeiros ou
técnicos que possui, são diferenciadas e, portanto, determinarão uma
atuação ou tradução diferenciada de tais palavras (políticas) pelos
professores em sala de aula (práticas).
Da
mesma forma que a literatura indica que o desempenho dos alunos também
está relacionado às altas expectativas de seus professores, talvez os
professores possam sentir-se mais motivados e abertos a avaliação se a
sociedade e os governos valorizarem a carreira docente. Por outro lado,
não se pode esquecer que há muito a caminhar em termos de superação das
desigualdades sociais presentes no Brasil, da formação deficiente e
focada mais na teoria do que na prática docente e nas péssimas condições
de trabalho.
As
políticas educacionais das últimas décadas têm contribuído para que a
população das camadas mais pobres tenha acesso à Educação Básica, mas
estar na escola, infelizmente, não tem significado aprender. Cada vez
mais se torna necessário que os professores sejam capazes de lidar com
as diversidades em sala de aula, sejam elas culturais, socioeconômicas
ou de níveis de conhecimento entre os alunos na área em que lecionam.
Essa tarefa não é fácil, mas essencial para promover a melhoria da
qualidade de ensino com equidade.
A
seleção de valores morais, de conteúdos e de habilidades que melhor se
encaixam em uma educação voltada para uma sociedade plural continua
sendo um desafio. A formação de professores que consigam dar significado
à névoa de informações que envolvem os alunos, que saibam lidar com os
conhecimentos prévios deles, respeitando sua origem sociocultural se
configura em grande obstáculo.
Será
que a escola de hoje é capaz de superar tais desafios? De onde partiria
a mudança dos centros de formação de professores e/ou profissionais de
ensino ou de políticas públicas mais abrangentes? O Exame Nacional de
Ingresso na Carreira Docente pode ser entendido como uma política
pública abrangente que, dependendo da forma como for encaminhada, poderá
ou não afetar os centros de formação e, principalmente, a prática
docente, mas será difícil promover mudanças enquanto o problema
continuar sendo o outro.
Enfim,
discutir a avaliação docente envolve analisar o processo de
ensino-aprendizagem e as relações entre alunos, professores, escola,
governo e sociedade. Os resultados das pesquisas internacionais que
analisam o impacto de ações pedagógicas ou políticas educacionais no
desempenho do aluno, são de grande importância para fomentar o debate
acerca da qualidade de ensino. Sendo assim, contribuem para a discussão
e posterior delineamento de soluções que permitam enfrentar o desafio
de superação do deficit de aprendizagem apresentado pelos alunos das
redes públicas brasileiras de ensino.
Para
concluir, apresenta-se a opinião do pesquisador português Domingo
Fernandes (2008, p. 13) sobre a avaliação dos professores e seus
possíveis impactos.
A avaliação dos professores pode ser uma mera rotina burocrática e administrativa, consumidora de tempo, de esforço e de dinheiro e com pouca, ou mesmo nenhuma, utilidade para influenciar positivamente o desempenho, a competência e a eficácia dos professores e o que acontece nas escolas. Mas também pode ser, pelo contrário, um poderoso processo ao serviço da melhoria da qualidade pedagógica e da qualidade de ensino dos professores, gerando ambientes propícios à inovação, ao desenvolvimento profissional e, consequentemente, à melhoria das aprendizagens dos alunos.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40362012000400007. Acesso em: 14/07/2015.
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