ADAPTAÇÃO ESCOLAR
O termo ADAPTAR-SE, se buscado nos dicionários da língua portuguesa será traduzido por acomodar-se, ajustar-se, adequar-se dentre outros. Podemos pensar também em um mimetismo, a harmonia dos animais com o meio, como um camaleão ou uma borboleta. Mas, estes sinônimos não traduzem a intensidade dos sentimentos que se passam nos novos frequentadores da escola, sejam eles de qual idade forem.
Antes de mais nada é imprescindível que tentemos nos colocar no lugar das crianças ou adolescentes e façamos um pequeno exercício de reflexão.
Imagine-se em um emprego novo, em uma festa ou evento em que esteja sozinho, não conheça ninguém. Como se sentiria? Nós adultos conseguimos explicar, ou até de forma racional compreender esses sentimentos de estranhamento e apesar da situação desagradável, conseguimos superar esses obstáculos e nos adaptar ao novo rapidamente.
As crianças também os superarão, mas é importante que o adulto compreenda o que estão sentindo e as ajude a vencer esta etapa auxiliando-as, encorajando-as, mas não demonstrando compaixão e fazendo cessões. As crianças e adolescentes testam todo o tempo os adultos que as cercam e estes, ao se dobrarem diante de uma frustração, birra ou choro, só reforçam atos inadequados e dão espaço para que se tornem a cada dia mais controladores.
São vários os momentos em que as crianças e adolescentes passarão por adaptações e readaptações escolares.
Ao falarmos de adaptação na escola nos vêm a imagem daquelas crianças de um ou dois aninhos chorando copiosamente. Entretanto, há vários momentos distintos de adaptação e readaptação: bebês, crianças pequenas, maiorzinhas, transições do berçário para a Educação Infantil, da Educação Infantil para o Fundamental I, do Fundamental I para o II, do Fundamental II para o Ensino Médio, mudança de escolas, no meio do processo... Enfim, é preciso que nos coloquemos no lugar deles para podermos auxiliá-los nessas passagens.
Sempre ouvimos: “Nenhuma mudança é fácil!” e para que uma adaptação escolar ocorra da melhor maneira possível, precisa ser bem conduzida, minimizando sofrimentos desnecessários. Quando nos preparamos para as situações, estas acabam sendo menos dolorosas do que se apresentavam. Quanto menor o filho, mais difícil parece a separação e maior a ansiedade dos pais. O bebê não fala e isso provoca nos pais um vazio, pois não têm o registro que gostariam de como foi aquele dia do ponto de vista do bebê. Que bom seria, não é?
Para a escola e seus profissionais também é um momento difícil, pois há que se passar segurança e criar vínculos afetivos, antes de qualquer coisa e é claro que só serão alcançados pouco a pouco.
No mundo contemporâneo, muitos pais acabam por ter um sentimento de culpa por não poderem estar o tempo que julgam ideal com seu filho. Aqui vale a velha máxima “O que importa é a qualidade e não a quantidade do tempo em que passam juntos”. Não há porque se sentirem assim. As crianças crescem, amadurecem e precisam de novas experiências com outros da mesma idade. Por mais longo e cheio de lágrimas, que um período de adaptação possa ser, não traumatiza. Todos superam essas “dores” dos primeiros dias na escola e, logo, eles farão parte de uma lembrança distante.
Essas etapas podem parecer, ou até serem em parte dolorosas, mas aos poucos, pais, crianças e adolescentes passam a conhecer, confiar na escolha que fizeram e a lidar com mais tranquilidade e prazer com essas etapas que são fundamentais na formação e construção da personalidade de qualquer indivíduo.
De casa para o berçário
Há algumas décadas, talvez fosse uma situação inimaginável, mas hoje, muitas mães precisam deixar os filhos ainda bebês na escola e isso não deve ser permeado de culpa ou agonia. É claro que preocupação, insegurança e outros sentimentos passarão pelas noites das mamães e papais, mas ao se fazer uma opção dosada, ponderada e de acordo com o bolso, disponibilidade, filosofia e tudo mais que pais dedicados se informarão, o bebê estará certamente bem assessorado.
Até uns cinco ou seis meses de idade a adaptação é mais dos pais, que não sem razão, ficam apreensivos em ter que delegar os cuidados com seus pequenos a terceiros. O bebê nessa idade pode estranhar a nova rotina, mas ainda não estranha pessoas ao ponto de protestar e, sendo assim, essa transição costuma ser bastante tranquila. Depois dos sete ou oito meses, alguns bebês já estranham e então é preciso atentar para alguns detalhes.
Os cuidadores precisam ser orientados e preparados para compreender as etapas de desenvolvimento neuropsicomotor, o comportamento e cuidados com a assepsia do bebê, fazendo com que o bebê sinta-se acolhido. O espaço deve ser adequado, higienizado e estimulador. A escola precisa permitir que um responsável, permaneça na escola até que se sintam seguros bebê e família para que depois o bebê permaneça sozinho pelo período completo.
Do berçário ou de casa para a creche
Nesta etapa podemos descrever duas diferentes situações. Aqueles que já frequentam o berçário e farão a transição para a creche (0 a 3 anos) e aqueles que farão sua estreia na vida escolar.
Passar daquela vidinha de proteção e cuidados mais que especiais para uma exploração do espaço e relações mais amplas trarão muitas descobertas, alegrias e apreensões.
Os pais de bebês que já frequentam a escola estranham a mudança na rotina e nos cuidados. Via de regra reclamam que a escola relaxou, pois a criança chega cansada, suja, machucada, etc. Na verdade é uma transição saudável, mas difícil de aceitar. Os pais, mesmo que inconscientemente não querem que os bebês cresçam e muitas vezes tentam negociar com a escola uma “prorrogação” no berçário. Os profissionais precisam ser habilidosos e compreender que apesar do bebê já conhecer o espaço e as pessoas, haverá um estranhamento.
O ideal seria que a escola no início disponibilize algum profissional do berçário, que já possui um vínculo com a criança para acompanhá-la na nova turma e em momentos de recreação. No início ainda é importante que a criança faça sua assepsia, alimentação e soninho no berçário, para que só depois, aos poucos, seja feita a transição definitiva. Por outro lado, a nova professora e os novos amiguinhos, podem programar idas diárias ao berçário para começar a criar os primeiros laços e vínculos.
A segunda situação nesta fase é quando o bebê ou criança está entrando na escola por volta dos sete meses até quase três anos de idade, pela primeira vez.
Essa é a idade mais trabalhosa, pois a criança já estranha pessoas e não compreende ainda o que é a escola, o que está fazendo lá e principalmente que os pais continuam a existir mesmo quando não estão diante de sua vista.
É importante também neste caso que a escola permita a permanência da mãe, do pai, avós ou de alguém que a criança tenha um vínculo afetivo para acompanhá-la nos primeiros dias. Essa pessoa deve ficar de preferência em algum espaço que a escola tenha reservado para isso, nunca dentro da sala de aula, enquanto a criança reúne-se com a professora e os novos amiguinhos. Quando a criança sentir-se ansiosa, insegura ou quando chorar deve ser levada ao aconchego desta pessoa para que verifique que não foi abandonada. O familiar deve permitir a aproximação da criança com a professora e com os novos amiguinhos, pois ela precisa fortalecer os vínculos com eles. Se o adulto assumir uma postura superprotetora em lugar de auxiliar, acabará por tornar o processo mais difícil e doloroso.
Pode-se esperar que a criança fique ansiosa, proteste, chore, esbraveje e invente histórias, para evitar enfrentar essa situação. O ambiente familiar e as pessoas que nele habitam já são dominados por ela e isso lhe dá tranquilidade e segurança. Já na escola, encontrará obstáculos e desafios que ela provavelmente não estará com vontade de enfrentar. Ela não precisa clamar por atenção e carinho de seus pais, mas na escola ela precisará sim, conquistar seus espaços e afetos. Lá, as disputas serão leais, não é como com papai, com mamãe ou os vovós que a deixam ganhar no jogo ou fingem que não veem certas transgressões e concedem alguns privilégios só para vê-los contentes e de bem com a vida.
Por mais que os pais estejam apreensivos é importante procurar não passar essa preocupação à criança, mas sim ressaltar os pontos positivos que existirão na sua nova rotina, falando bem da escola, das novidades, dos amigos e brincadeiras. Dorzinhas de barriga, alterações de humor, no sono, manhas e birras são esperadas nesse contexto.
De casa para a escola aos 3 ou 4 anos ou da creche (0 a 3 anos) para a pré-escola (4 e 5 anos)
Este é outro momento de transição ou adaptação. Mas, via de regra é uma situação em que as crianças já compreendem as mudanças, verbalizam e, portanto, costuma ser uma adaptação bem mais fácil. Neste caso um ou dois dias já costumam ser suficientes para que a criança se integre. Esse é o tempo para que elas criem laços, se sintam aceitas, reconheçam os espaços, as pessoas e as novidades.
O professor pode elaborar um planejamento significativo, que promova atividades de integração e se utilize de muita cor, música, água e areia. Assim, será capaz de motivar até a mais sisuda das crianças.
Do pré para o Ensino Fundamental I (do pré para o 1º ano)
Com a nova legislação e o ensino fundamental de nove anos, essa transição está ocorrendo precocemente, aos seis anos de idade.
Um dos maiores erros que se faz nas escolas é considerar o aluno que passa para o ensino fundamental como um mini-adulto. De repente ele deve deixar de ser criança, cria-se uma rotina completamente diferente daquela, que tinha o lúdico como premissa, para uma engessada e, com isso, toda a criatividade, competências e potencialidades são engessadas também. As crianças não deixam de sê-las em um período de férias de verão.
A escola deve compreender a criança como o ser holístico que é e proporcionar a ela um planejamento dinâmico e flexível permitindo que se adapte a nova rotina de uma maneira natural e alicerçada considerados seus conhecimentos prévios, maturação e curiosidade.
A escola pode propor uma carga horária gradativa, mantendo atividades lúdicas como a hora do pátio, histórias, fantoches, dentre outras e aos poucos ir priorizando outras atividades, ano a ano, entretanto sem eliminar o lúdico pois sabe-se que sempre enriquecem qualquer processo educativo.
Do Fundamental I para o Fundamental II (do 5° para o 6º ano)
Nesta etapa, a criança, na verdade um pré-adolescente, passa do contato com poucos professores, que na maior parte das vezes tem uma ligação próxima e afetiva com eles, os conhecem pelos nomes, suas famílias (todos mais afetivos e próximos dos alunos) para um modelo com um professor para cada componente curricular, em aulas de 50 minutos que exigem um ritmo mais rápido de aprendizagem. A entrada na pré-adolescência, também implica em muitas mudanças. Esperar que seja uma transição tranquila seria utopia.
Todavia, é possível se minimizar as ansiedades e transformações se a escola pensar nessa etapa com a devida antecedência.
A escola pode, por exemplo, inserir um novo professor a cada ano, trocando-se 2 professores regentes para inverter disciplinas, por exemplo, para que os alunos comecem a trabalhar com a diversidade de estilos e exigências.
Outra ação positiva é fazer um planejamento interdisciplinar. Uma das maiores dificuldades para os alunos que ingressam nessa fase é a quantidade enorme de exigências em cada componente curricular, desproporcional ao que estavam até então acostumados. Os professores, via de regra, não se conversam e acabam exigindo uma carga grande de trabalhos, pesquisas e lições de casa sem se preocuparem em saber se nos outros componentes curriculares outros professores também já não solicitaram um volume grande de compromissos para o mesmo período. Essa questão pode ser facilmente solucionada com reuniões de nível e uma agenda mensal fixada na sala. Desta forma um professor poderá consultar o que os outros solicitaram e rever e remanejar suas próprias solicitações.
E daí por diante estaremos sempre em novos processos adaptativos: do Ensino Fundamental II para o Ensino Médio, deste para a graduação, para a pós, para o mestrado, para o doutorado, para o pós-doutorado, para o trabalho e para a vida, que se bem conduzidos só nos farão seres humanos holísticos, íntegros e cidadãos prontos para os novos desafios.
Se o seu filho vai passar por adaptação escolar, seja pela primeira vez ou em uma nova instituição, quanto antes trabalhar isso, melhor – para ele e para você. Afinal, não dá para negar que é um momento delicado para toda a família. A criança, de repente, se vê no meio de pessoas estranhas e novas regras com as quais precisa conviver e os pais mal conseguem conter o pavor de imaginar seu “tesouro” sendo entregue aos cuidados dos educadores. A fase da preparação você já passou: pesquisou bastante, visitou diversas instituições e está seguro de sua escolha. No entanto, agora chegou a hora pra valer! Veja a seguir doze dicas para você e seu filho lidarem com a adaptação da melhor maneira possível.
A PRIMEIRA VEZ
1) Um pedacinho de casa
Primeiro dia no berçário. Não dá para dizer que, porque seu filho não fala, a adaptação será mais fácil. Até completar 9 meses, o bebê guarda as informações na mente por meio de registros emocionais – e uma experiência que não seja tranquila pode fazer com que ele tema a escola por muito tempo. Para evitar problemas, você precisa estar disponível para passar essa fase ao lado dele.
Levar itens que tenham o cheiro do quarto dele, por exemplo, também vai confortá-lo: pode ser a naninha ou o brinquedo do berço. Só não se esqueça de manter atenção especial ao comportamento do seu filho. Como ele não fala, você precisa perceber se está se alimentando e dormindo bem, brincando normalmente ou se está com doenças respiratórias. Esses são indicadores de que algo não vai bem. Caso isso aconteça, visite a escola para ver se estão mantendo a rotina e converse com a coordenação.
2) Envolva seu filho
Para a criança que precisará encarar a rotina de aulas pela primeira vez, uma boa maneira de introduzir o assunto é dizer que ela está crescendo e que, por isso, precisa de um espaço para brincar com outras crianças e aprender coisas novas. Levá-la para comprar os materiais escolares ajuda a prepará-la de uma forma estimulante. Para não ficar caro, dê oportunidades de escolha, como “este ou aquele lápis?” ou “qual mochila entre essas três é a melhor?”.
É preciso, porém, sensibilidade para perceber se essa participação está se transformando em ansiedade. Evite tocar muito no assunto e perguntar se ele já está preparado muito antes da hora. Se possível, leve-o para conhecer o colégio quando estiver mais perto do primeiro dia de aula.
3) Se prometer, cumpra
A semana de adaptação das crianças que nunca foram à escola é muito parecida na maioria delas. Os pais levam seus filhos por pequenos períodos de tempo, que ficam maiores conforme eles vão se acostumando com a ideia de estarem longe da família. Durante esse processo, é fundamental que a criança se sinta segura e perceba que está no meio de pessoas dignas de sua confiança. Mentir ou sair de fininho pode dificultar as coisas. Se você disser que estará esperando no pátio, faça exatamente isso. Os pais que não podem se ausentar do trabalho devem explicar ao chefe que estão passando por um momento delicado e pode ser que precisem sair às pressas em uma emergência.
4) Mantenha o equilíbrio entre aconchego e firmeza
Prepare-se, porque as primeiras semanas de adaptação deixarão a criança mais sensível. A mudança traz insegurança, medo, frustração, irritação, muitas vezes traduzidos pelo choro. Embora seja difícil ver tudo isso acontecer, pense que aprender a lidar com essas emoções é uma etapa importante do desenvolvimento. Blindar seu filho disso só o deixará frágil. Quando o choro aparecer, o melhor é reforçar que a escola é importante, que você sabe que ele está sofrendo, mas acredita que ele vai conseguir superar. É difícil para a criança e para você, mas é necessário firmeza. Sem esquecer que ela precisará muito do seu colo e da sua paciência. Afinal, momentos de separação nunca são fáceis. Foi isso que ajudou a assistente comercial Hanã Carreiro, 25 anos, quando a filha Izabelly, 3, foi para a escola pela primeira vez. Ela tinha 1 ano e meio e chorava muito, mesmo na semana de adaptação, com a mãe junto. Hanã chegou a levá-la dia sim, dia não para ver se a filha se acostumava aos poucos. Mas o que funcionou mesmo foi ter muita paciência e conversar com ela todos os dias, valorizando a escola. “No dia anterior sempre conversava e explicava que o papai ia buscá-la no fim da aula. Também procurei mostrar que ir para a escola era legal, com brincadeiras e novos amigos”, lembra.
5) Rotina adaptada
Ao começar a vida escolar, o dia a dia da criança muda completamente. Por isso, alguns ajustes podem ser necessários para que ela se adapte de forma mais tranquila. Quando a auxiliar de cabeleireiro Cintia Santos de Souza, 27 anos, colocou o filho Luiz Paulo, 3, na escola, passou por dias difíceis. Na época com 2 anos, o menino chorava a ponto de se jogar no chão toda vez que chegava lá, não aceitava ficar na sala e não comia.
Então, a professora ligou para Cintia e propôs uma mudança na rotina de Luiz, pois ele dormia e acordava tarde, ficando sem tempo para ir com calma para a escola. A mãe começou a fazer atividades com ele de manhã, depois, era hora de uma soneca, banho, almoço e, então, a ida para o colégio. “No primeiro dia que fiz isso ele já não chorou tanto e, quando cheguei pra buscá-lo, a professora disse que ele era outra criança. Depois de uma semana, não chorava nem chamava por mim”, lembra.
MUDANÇA DE ESCOLA
6) Mundo novo
Se o seu filho entrou com poucos meses no berçário, a mudança de colégio é como se fosse a primeira vez. Nesse caso, siga também todas as dicas dadas anteriormente. Para aquelas crianças que já estão adaptadas ao ambiente escolar, mas vão enfrentar uma “mudança de ares”, o processo costuma ser mais simples, mas isso não quer dizer que elas não precisem de atenção. A separação dos amigos, dos professores e até da sala de aula antiga costuma ser dolorosa e a integração a um novo grupo, muitas vezes já formado, é um desafio. Nesse caso, mais do que disponibilidade física, seu filho precisará de ajuda emocional.
Deixe claro para ele que o contato com os amigos antigos pode ser mantido. E ressalte, de forma positiva, que ele está tendo a oportunidade de ampliar sua rede de amizades e aprender coisas novas. Não se esqueça de perguntar como foi o dia na escola nova e o que você pode fazer para ajudá-lo a se integrar melhor.
7) Este é meu filho!
A adaptação com os professores também é fundamental, principalmente para que eles conheçam detalhes de saúde e comportamento do seu filho que só você pode contar, como o que ele tem mais resistência para comer, quais são seus medos e dificuldades.
Também é interessante pensar em formas de seu filho se apresentar aos colegas para facilitar o entrosamento, como aconteceu com Júlia Gravinan, 3 anos, que é muito tímida. Quando a família precisou mudar de Belém (PA) para São Paulo, a maior preocupação era a dificuldade de relacionamento que ela teria. Então, escola e mãe se uniram. Na primeira semana de aula, Júlia levou uma muda de açaí para que as outras crianças conhecessem algo típico da região de onde veio. Além disso, para que perdesse a timidez nas rodas de conversa, a família foi orientada a guardar lembranças do fim de semana para que Júlia pudesse compartilhar com os amigos. “Se íamos ao cinema, ela levava o ingresso para contar sobre o filme. Se viajávamos para a praia, levava uma conchinha. Em pouco tempo, estava mais falante”, relembra a mãe, a publicitária Roberta Gravinan, 35 anos.
8) Como vai ser?
Você pode contar para a criança o que ela vai encontrar lá na frente. Explique o que aprenderá durante o ano e, se possível, antecipe a turma com que seu filho vai conviver, apresentando alguns alunos antes mesmo de as aulas começarem – converse com a escola e proponha que ela ajude. Foi o que aconteceu com Lucas, 3 anos. Três meses antes de mudar de Chapecó (SC) para Botucatu (SP), a professora teve uma ótima ideia, como conta o pai Marcos Panhoza, 36. “O colégio de Chapecó fez uma aula só sobre Botucatu, mostrando para os alunos tudo o que a cidade tinha de interessante. Também pediram que a escola nova mandasse uma foto daquela que seria a nova sala do Lucas.” Assim, o menino já chegou mais enturmado e a adaptação ocorreu de forma tranquila.
A SUA PREPARAÇÃO
9) Não deixe a tristeza pegar você de surpresa
Talvez você sinta a dor da separação mais do que seu filho e isso vai causar tristeza. Por isso, esteja preparado para lidar com esse sentimento ou, pelo menos, aceitá-lo, como fez a advogada Priscila Westphal, 31 anos. Quando levou José Augusto, 2, à escola pela primeira vez, não se conteve na hora em que precisou deixá-lo chorando com a professora. “Desmoronei. Fui para a recepção e veio tanta culpa e dor que meu choro se tornou compulsivo.”
Foi só quando a professora disse que o menino se acalmou no instante em que a mãe virou as costas que ela parou para refletir: “Como assim ele está bem sem mim? Passei dois anos achando que era imprescindível na vida dele. Depois lembrei que estou criando um filho para o mundo e ‘para o mundo’ é, muitas vezes, longe de mim. É a escola da vida, né? Deixar ir e aproveitar o voltar!”, opina Priscila.
Por mais que você se prepare, talvez não esteja pronto quando chegar o momento. Mas vale tentar: antes do começo das aulas, deixe seu filho brincar com outras pessoas ou, se possível, leve-o para a casa da avó ou da tia e vá fazer algo de que goste. Assim, vocês dois vão treinando ficar longe um do outro.
10) Segurança na chegada
Despedir-se do filho na entrada da escola é um dos momentos mais difíceis na vida de uma mãe ou um pai. Se o filho vai para o berçário com poucos meses, a aflição é por deixar alguém tão pequeno e indefeso nos braços de um “estranho”. Se a criança já é um pouco maior, pode ser difícil por estar mais acostumada a ficar em casa ou porque parte o coração dos pais ouvir: “Não quero ir pra escola, quero ficar com você”. Sabemos que é uma missão difícil, mas, nessa hora, estufe o peito, não deixe que ela perceba a sua angústia e estimule que se sinta confiante e independente.
Caso o seu filho ainda não ande, passe-o para o colo da professora com um beijo, mas sem muita enrolação, pois o bebê também sente a sua insegurança. Se ele já for maior, incentive-o a entrar na escola caminhando e levando a própria mochila. Agora, se é você que não consegue se controlar na hora do adeus, considere pedir para que outra pessoa leve seu filho para a escola durante alguns dias. Com o tempo, você estará mais tranquilo e poderá assumir a função outra vez.
11) Procure distrações
Será que ele está bem? Está comendo direito? A professora vai ajudá-lo quando ele precisar? Passar o dia pensando nessas questões só vai deixá-lo com rugas de preocupação. Por isso, procure manter a cabeça ocupada no período em que ficará sozinho. Que tal aproveitar para marcar um almoço com aquele amigo que você não vê faz tempo? Se estiver difícil de lidar com a angústia, procure conversar com outros pais que já passaram por isso. Eles podem transmitir conforto.
12) Faça parte da turma
Não é somente o seu filho que precisará passar por adaptação. Você também terá uma fase de integração com os novos pais e professores – e é importante estabelecer esse vínculo logo no início. Participe das atividades propostas pelo colégio, procure ir aos eventos sociais, como aniversários dos colegas, organize com outros pais piqueniques ou passeios, como uma ida ao teatro. Lidar com as diferenças e ressaltar a importância do convívio social são boas maneiras de dar o exemplo. E estabelecer esse contato é uma forma de incentivá-lo ainda mais a se abrir para novas amizades.
Disponível em: http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Escola/Volta-as-aulas/noticia/2014/01/12-dicas-para-passar-pela-adaptacao-sem-traumas.html; http://guiadobebe.uol.com.br/adaptacao-na-escola-em-diferentes-momentos/. Acesso em: 10/02/2016.
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